Uma das promessas mais belas de toda a revelação, é quando Jesus nos
afirmou: se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós
viremos e faremos nele a nossa morada (Jo 14,23).
No Antigo Testamento, Deus acompanhava o povo de Israel nas brigas e
caminho pelo deserto; na conquista de Canaã como no desterro de Babilônia. Deus
fez construir um templo em Jerusalém, onde Ele sempre estaria presente com seu
povo.
De qualquer maneira, no Novo Testamento, Deus não está com seu povo, mas
em seu povo; Deus não está conosco, senão dentro de nós mesmos, como a alma de
nossa própria alma, e nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17,28). Acaso
não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (Cor
3,16)
Uma professora de matemática perguntou aos seus alunos: - Por que as pessoas gritam quando estão bravas?O grupo ficou pensativo por um momento.O primeiro respondeu: - Eu grito quando os outros me desesperam.- Sim, respondeu a professora. Mas, por que grita, se a outra pessoa está tão perto de ti? Por que não pode falar em voz baixa?Continuaram as respostas, mas nenhuma satisfazia a professora.Enfim, ela explicou: - Quando duas pessoas estão bravas, seus corações se distanciam, criando uma grande distância entre elas. Para cobrir este vazio, precisam de gritos, pois não escutam nem são escutadas.A professora, com lógica matemática, continuou: - Por outro lado, quando duas pessoas se apaixonam, não levantam a voz. Falam baixinho, porque seus corações estão perto um do outro. A distância tem sido superada. E até se olham em silêncio para ler a alma nos olhos da pessoa amada.
Deus está dentro de nós. Por isso, quando Jesus nos convida a orar, nos
diz para entrarmos na morada profunda de nosso interior, onde encontraremos a
presença divina. Muita gente é incapaz de fazer esta viagem, que é a mais
importante da geografia da vida; percorrer o interior de nós mesmos, onde Deus
tem feito sua morada.
Somos santuários do Espírito, onde Ele mora e atua através de nós (1Cor
6,19). Por isso, não precisamos gritar; basta uma atitude de contemplação. O
falar-lhe em voz baixa significa então que sabemos que Ele nos escuta, porque
habita em nosso coração.
Senhor, sou consciente que Tu moras no mais íntimo do meu ser, com
coração sereno, quero no dia de hoje descobrir e experimentar que estás muito
mais perto de mim do que imagino. Que não somente estás comigo, ao meu lado,
mas que estás em mim.
Quero Senhor, em silêncio, com uma voz suave, falar contigo, porque sei
que me escutas, pois estás dentro de mim.
Fizeste Tua morada em mim e sou o templo onde tu habitas. Por isso, já
não preciso gritar, mas, com sons inefáveis (Rm 8,26), quero entrar em comunhão
contigo até ao ponto de guardar silêncio e estar em contemplação permanente por
Tua presença em mim, porque és a alma de minha alma.
Amém.
Do Livro “Como Evangelizar com Parábolas”, Editora Canção
Nova
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