
Entre a Páscoa da Ressurreição e a festa de
Pentecostes, a Igreja situa a solenidade da Ascensão. É mais um momento do
processo pelo qual passam os discípulos após a morte de Jesus. Aqueles que
saíram correndo cheios de medo quando Jesus foi preso, julgado e crucificado,
foram confortados pelo encontro com o Senhor Ressuscitado. Agora, por estarem
suficientemente firmes na fé, Jesus se despede deles. Deixa-lhes, porém, uma
nova promessa: a promessa do Espírito Santo.
A vinda do Espírito Santo dará forças aos
discípulos para que deem testemunho de Jesus “em Jerusalém, em toda a Judeia,
na Samaria e até os confins do mundo”. O Espírito será a “a força do alto” da
qual se revestirão os discípulos. No entanto, para que o Espírito chegue, é
preciso que Jesus se vá. É necessário que, durante algum tempo, os discípulos
aprendam a viver por si sós.
Poderíamos dizer que esta festa nos fala da
pedagogia de Deus com os homens. Jesus chamou alguns pescadores ignorantes. Foi
lhes ensinando ao longo de três anos, como nos relatam os evangelhos. Não foi
suficiente. Na hora da cruz, todos, exceto João e umas poucas mulheres, saíram
correndo. Depois, os discípulos viveram a experiência da ressurreição. Não lhes
foi fácil, a princípio aceitar que Jesus estava vivo. Precisaram de tempo para
isso. Agora, até aquela presença misteriosa desaparece. Jesus promete-lhes o
Espírito, mas, durante certo tempo, têm que aprender a estar sós, a ter a
responsabilidade de sua fé em suas mãos, até que chegue o Espírito que lhes
dará forças que lhes possibilitem dar testemunho do Reino.
A festa da Ascensão deveria nos fazer pensar no
modo como vivemos nossa fé. Deveríamos aprender a ter, com nós mesmos e com
nossos irmãos, a mesma paciência que Deus teve com os discípulos e que tem
conosco Como os bons livros precisam ser lidos várias vezes para que possamos
apreciar todo o seu valor, de igual maneira, a fé necessita de tempo, estudo e
oração para que se faça vida em nós. Nossa comunidade cristã crescerá na medida
em que todos nós crescermos também na escuta do Senhor.
Da mesma forma que os discípulos, haverá dias em
que sentiremos a proximidade da presença de Deus e, em outros, nos sentiremos
sozinhos. Tudo é parte do processo que nos conduzirá a viver plenamente a nossa
fé e a ser testemunhas do Reino em nosso mundo. Que esta festa nos ajude a
colocar nossa confiança em Jesus. Ainda que pareça estarmos sozinhos, Jesus nos
prometeu seu Espírito. E, não nos esqueçamos disto: Jesus nunca falha.
Dom Eurico dos Santos
Veloso