
Uma das
palavras mais doces que se conhece é precisamente a palavra amigo.
Nós, cristãos, gostamos de nos chamar de irmãos. O Eclesiástico, no
trecho hoje proclamado, tece considerações a respeito da amizade. Destaquemos
algumas de suas observações:
●
Multiplicamos amigos quando usamos de palavra amena, doce, carinhosa. Uma
língua afável multiplica as saudações. Fazemos relacionamento. Tecemos
laços, mas nem sempre sólidos de verdade. As amizades precisam ser trabalhadas
e alimentadas
● Passamos
perto de muitos. Convivemos com colegas de trabalho, com membros de nossa
família, com vizinhos. “Sejam numerosos os que te saúdam, mas teus
conselheiros um entre mil”. Os íntimos não podem ser numerosos. Há
um tempo de maturação da amizade. Aliás, a verdadeira amizade nasce da
provação, lembra o Eclesiástico.
● “Se queres
adquirir um amigo, adquire-o na provação; e não te apresses em confiar nele”.
● A
experiência nos diz que há amizades interesseiras. Há pessoas que dizem nos
estimar enquanto somos úteis para sua ascensão. Quando perdem o interesse
egoísta, esquecem que diziam tanto nos amar. Há pessoas que se dizem
amigas mas que abandonam o amigo na hora da aflição.
● Há amigos
que mudam de opinião. Servem de confidências para destruir a boa fama daquele
ao qual faziam declarações de amizade. Pensamos na figura de Judas. “Há
amigo que é companheiro de mesa e que não persevera no dia da
necessidade”.
● O Livro do
Eclesiástico faz uma observação dura: “Afasta-te dos teus inimigos e toma
cuidado com os teus amigos”. Não estamos ainda no tempo novo do Evangelho
de Jesus.
● Pensamos nas
amizades espirituais, dentro e fora da Igreja, companheiros de caminhada
no seguimento de Cristo que partilham a vida, que leem juntos as páginas
dos Evangelhos, que juntos vão pelo mundo dizendo que o amor precisa ser
amado. Amigos-irmãos ou irmãos-amigos? Talvez muito mais irmãos da mesma
aventura da fé. Para tanto, eles precisam comer juntos o pão da convivência
fraterna, carregar juntos a cruz, rir as mesmas alegrias sob o olhar do Senhor.
● Os
versículos que agora transcrevemos constituem talvez as palavras mais
belas da Escritura a respeito da amizade. O autor sagrado defende a fidelidade
do e ao amigo: “Ao amigo fiel não há nada que se compare, é um bem inestimável.
Um amigo fiel é um bálsamo de vida; os que temem o Senhor vão encontrá-lo”.
● Há amizades
que duram a vida toda. Elas começam nos bancos da escola, nas brincadeiras
entre vizinhos, nas oficinas de uma fábrica. Os que se estimam se
revelam, contam um com o outro, levam o fardo do amigo, provam seu bem
querer na usura do tempo, comem juntos e juntos escutam a voz do Senhor.
● O verdadeiro
amigo é um preciosíssimo tesouro.
Frei Almir Ribeiro Guimarães