E Jesus
continuou: “Em
verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo
e descendo sobre o Filho do Homem” (cf. Jo 1,51). São com estas
palavras que Jesus encerra o evangelho de hoje. São as maravilhas sobrenaturais
de uma realidade que não é deste mundo, diz também o Senhor prestes a ser
condenado: “O meu
reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas
lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é
daqui” (cf. Jo 18,36). Quem são os guardas deste mundo espiritual e
deste Reino que Jesus fala? Seriam os Anjos? Vejamos:
Hoje celebramos
os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. O nome fala
da missão própria de cada um e anjo fala da natureza. Nós somos humanos
dotados de corpo, alma e espírito; os anjos são seres puramente espirituais.
Por serem seres espirituais, os anjos bons e maus não podem ter a sua
existência provada de maneira experimental e racional; no entanto, a Revelação
atesta a sua realidade. Eles são mencionados mais de 300 vezes na Bíblia.
Apesar de sua dignidade superior eles são somente criaturas de Deus, nós somos
filhos de Deus.
Vejamos o que
diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos números:
328 A existência
dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama
habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a
respeito é tão claro quanto à unanimidade da Tradição.
332 Eles aí
estão, desde a criação e ao longo de toda a História da Salvação, anunciando de
longe ou de perto esta salvação e servindo ao desígnio divino de sua
realização: fecham o paraíso terrestre, protegem Lot, salvam Agar e seu filho,
seguram a mão de Abraão, comunicam a lei por seu ministério, conduzem o povo de
Deus, anunciam nascimentos e vocações, assistem os profetas, para citarmos
apenas alguns exemplos. Finalmente, é o anjo Gabriel que anuncia o nascimento
do Precursor e o do próprio Jesus.
333 Desde a
Encarnação até a Ascensão, a vida do Verbo Encarnado é cercada da adoração e do
serviço dos anjos. Quando Deus “introduziu o Primogênito no mundo, disse: –
Adorem-no todos os anjos de Deus” (Hb 1,6). O canto de louvor deles ao
nascimento de Cristo não cessou de ressoar no louvor da Igreja: “Glória a Deus
nas alturas…” (Lc 2,14). Protegem a infância de Jesus, servem a Jesus no
deserto, reconfortam-no na agonia, embora tivesse podido ser salvo por eles da
mão dos inimigos, como outrora fora Israel. São ainda os anjos que
“evangelizam”, anunciando a Boa Nova da Encarnação e da Ressurreição de Cristo.
Estarão presentes no retorno de Cristo, que eles anunciam serviço do juízo que
o próprio Cristo pronunciará.
329 Santo
Agostinho diz a respeito deles: – “Anjo (mensageiro) é designação de encargo,
não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espírito; se
perguntares pelo encargo, é um anjo: é espírito por aquilo que é, é anjo por
aquilo que faz”. Por todo o seu ser, os anjos são servidores e mensageiros de
Deus. Porque contemplam “constantemente a face de meu Pai que está nos céus”
(Mt 18,10), são “poderosos executores de sua palavra, obedientes ao som de sua
palavra” (Sl 103,20).
Para
alcançarmos a santidade Deus nos presenteou com um companheiro de caminhada,
que conhece como ninguém a vontade do Senhor: Desde o início até a morte, a
vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão. “Cada fiel é
ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida” (CIC n°336).
Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada
dos anjos e dos homens unidos em Deus. Portanto, os anjos são criaturas
espirituais que servem ao Senhor e aos homens em relação ao Seu plano divino de
salvação. A santidade faz parte da natureza dos anjos, mas para nós seres
humanos e limitados pela nossa humanidade ferida pelo pecado, a santidade é uma
luta, uma conquista diária, requer vontade firme, renúncias, obediência a Deus
e Sua vontade, vida de oração e comunhão com Ele e com os irmãos.
O nosso
saudoso Papa João Paulo II afirmou certa vez: “Não tenhais medo da santidade,
porque nela consiste a plena realização de toda autêntica aspiração do coração
humano. Entre as maravilhas que Deus realiza continuamente, reveste singular
importância a obra maravilhosa da santidade, porque ela se refere diretamente à
pessoa humana”. E o Sumo Pontífice resume tudo dizendo: “A santidade é a
plenitude da vida”. Portanto, Deus Pai, na Sua infinita Misericórdia e
Providência, nos presenteia com os santos anjos para nos ajudar como
companheiros na dura caminhada para a santidade. Por isso, desde criança
aprendemos:
“Santo Anjo do
Senhor, meu zeloso e guardador, se a Ti me confiou a piedade Divina sempre me
rege, me guarde, me governe, me ilumine. Amém”
Padre
Luizinho, Comunidade Canção Nova
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