No Evangelho de hoje, três personagens
anônimos aparecem para que, através deles, Jesus nos ensine quais os requisitos
para segui-Lo. Estamos diante de um Mestre extremamente exigente...
Lucas narra que Jesus e os discípulos seguiam
pelo caminho. Aparece um homem que disse estar pronto para segui-Lo. Jesus diz
que para isso o homem deverá abraçar com alegria o desprendimento, que deverá
se despojar de todo e qualquer bem, pois “o Filho do Homem não tem onde
repousar a cabeça”. A outro, Jesus resolve chamar, porém esse pede para
primeiro enterrar os seus mortos. E Jesus responde: “Deixa que os mortos
enterrem os seus mortos”. Um terceiro homem diz que está pronto para seguir
Jesus, mas pede para primeiro se despedir de sua família. Jesus responde a
este: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de
Deus”.
O primeiro e o terceiro tomam a iniciativa,
desejosos de serem chamados a seguirem com Jesus. O segundo é Jesus quem chama.
Nos três casos, a exigência é uma só: o desprendimento de outros vínculos, a
disposição a enfrentar o desconforto. O Evangelho não deixa claro se os três
homens seguiram junto com Jesus, mas é bem claro quanto ao que Jesus quer dos
seus seguidores.
Hoje, somos muitos a experimentarmos o amor
de Deus, mas nem tantos passam por uma conversão que os tornem capazes de
seguirem Jesus verdadeiramente. Quantos de nós, após um momento em que nos
deparamos com o amor de Deus, dizemos que estamos dispostos a caminhar com Ele,
mas não queremos nos desapegar dos bens materiais, das festas, das turminhas
que nos levam para um caminho contrário... Outros, somos chamados por Jesus a
segui-Lo, mas pedimos um tempo, talvez no próximo ano, ou quem sabe quando
estivermos aposentados... Outros, ainda, dizem a Jesus “vou segui-Lo, mas deixe
antes ir ali ‘tomar a última’ da minha vida”, ou “essa será a minha última
balada, por favor!”...
Tudo bem, Jesus acolhe cada uma de nossas
declarações, afinal somos livres para decidirmos qual o caminho a tomar, mas
lembra: Eu não tenho casa. Sou um andarilho. As raposas têm tocas e os pássaros
se alojam em ninhos. Os que me seguem são peregrinos, mas a esses Deus não
desampara: “Felizes os mansos, porque herdarão a terra” (Mt 5,5). Eu te dou a
direção a seguir, você decide qual o melhor para a sua vida.
Senhor, envia o Seu Espírito para guiar os
nossos passos pelo caminho da Salvação!
Nossa Senhora, Rainha dos Mártires, rogai por
nós!
Um comentário:
Jesus usa essa pequena parábola para ilustrar o caminho do discipulado. Ser seu discípulo é tornar-se alguém tão concentrado em sua missão quanto o agricultor que ara sua terra. Não é possível olhar para trás, ter outras preocupações ou distrações. Envolver-se com o reino de Deus significa “já” estar com a mão no arado e não se pode perder tempo nenhum. Jesus é mais exigente que Elias, pois enquanto este permitiu que Eliseu fosse despedir-se de seus familiares, nem isso Jesus consente. É nessa radicalidade que este voluntário é surpreendido. Não se pode esperar o pai morrer, mas também não se pode nem despedir-se dele. O discipulado exige um engajamento imediato. Este homem foi confrontado com a radicalidade nua e crua da “urgência” com que se deve tratar o discipulado e o reino de Deus.
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