Dois discípulos desanimados se afastam de Jerusalém, cedendo à tentação de
voltar à vida velha. Cléofas (que foi com certeza a “fonte” de São Lucas) e um
anônimo. Domina-os a decepção causada pela morte de Jesus no Calvário. Teriam
eles alimentado sonhos de grandeza em relação ao Reino que Jesus iria
instaurar? Seja como for, tudo deu errado...
Mas é exatamente Jesus quem surge em seu caminho e, sem ser reconhecido, partilha com eles um pedaço de estrada, até a aldeia de Emaús. Enquanto caminham, o desconhecido faz com eles uma “liturgia da Palavra”: “começando por Moisés e os Profetas”, demonstra do modo cabal que os tristes acontecimentos daqueles dias correspondiam perfeitamente ao desígnio de Deus para o Messias. Enquanto ouvem, seu coração está em brasa. Um novo ardor toma posse deles.
Chegando à aldeia, convencem Jesus a pernoitar com eles: “Fica conosco, porque se faz tarde e o dia já declina”. No fundo, o desejo de estender no tempo aquela experiência libertadora. Acabam juntos, na mesma mesa...
Era o momento da “liturgia eucarística”: Jesus toma o pão, abençoa-o e o parte, repartindo com os dois. Seus olhos se abrem ao reconhecer aqueles gestos: os mesmos gestos da Última Ceia, as mesmas etapas de cada Eucaristia. Um Ofertório (tomar o pão), uma Consagração (abençoar o pão) e uma Comunhão (distribuir o pão).
O “Catecismo da Igreja Católica” (nº 1329) define a Eucaristia como “fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição judaica, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como presidente da mesa, sobretudo por ocasião da Última Ceia. É por este gesto que os discípulos o reconhecerão após a ressurreição, e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão suas assembléias eucarísticas”.
Reconhecendo a Jesus, recuperam a fé. Já não precisam “ver” o Cristo. Por isso mesmo, ele desaparece diante de seus olhos. E foi exatamente a fé recuperada que os pôs a caminho, de volta para Jerusalém. De volta para a Igreja, onde poderiam testemunhar: “Vimos o Senhor. Ele vive!”
Como estamos vivenciando a Santa Missa? A Liturgia da Palavra reacende em nosso coração o ardor por Jesus Cristo? A Liturgia Eucarística nos repõe no caminho do anúncio da Boa Nova?
Orai sem cessar: “Senhor, dai-nos sempre deste Pão!”
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica
Nova Aliança.
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