Denominada nos
Evangelhos "a Mãe de Jesus" (João 2,1;19,25), Maria é aclamada, sob o
impulso do Espírito, desde antes do nascimento de seu Filho, como "a Mãe
de meu Senhor" (Lc 1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu Espírito
Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não
é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A
Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos).
- A virgindade de Maria
Desde as
primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido
exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando
também o aspecto corporal deste evento: Jesus foi concebido "do Espírito
Santo, sem sêmen". Os Padres veem na conceição virginal o sinal de que foi
verdadeiramente o Filho de Deus que veio numa humanidade como a nossa:
Assim, Santo Inácio de Antioquia
(início do século II): "Estais firmemente convencidos acerca de Nosso
Senhor, que é verdadeiramente da raça de Davi segundo a carne, Filho de Deus
segundo a vontade e o poder de Deus, verdadeiramente nascido de uma virgem...
ele foi verdadeiramente pregado, na sua carne, {à cruz} por nossa salvação sob
Pôncio Pilatos... ele sofreu verdadeiramente, como também ressuscitou
verdadeiramente".
Os relatos
evangélicos entendem a conceição virginal como uma obra divina que ultrapassa
toda compreensão e toda possibilidade humanas: "O que foi gerado nela vem
do Espírito Santo", diz o anjo a José acerca de Maria, sua noiva (Mt
1,20). A Igreja vê aí o cumprimento da promessa divina dada pelo profeta
Isaias: "Eis que a virgem conceber e dar à luz um filho"
(Is 7,14, segundo a tradução grega de Mt 1,23).
Por vezes tem-se estranhado o silêncio
do Evangelho de São Marcos e das epístolas do Novo Testamento sobre a concepção
virginal de Maria. Houve também quem se perguntasse se não se trataria aqui de
lendas ou de construções teológicas sem pretensões históricas. A isto deve-se
responder: a fé na concepção virginal de Jesus deparou com intensa oposição,
zombarias ou incompreensões da parte dos não-crentes, judeus e pagãos. Ela não
era motivada pela mitologia pagã ou por alguma adaptação às idéias do tempo. O
sentido deste acontecimento só é acessível à fé, que o vê no "nexo que
interliga os mistérios entre si", no conjunto dos Mistérios de Cristo,
desde a sua Encarnação até a sua Páscoa. Santo Inácio de Antioquia já
dá testemunho deste nexo: "O príncipe deste mundo ignorou a
virgindade de Maria e o seu parto, da mesma forma que a Morte do Senhor: três
mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de Deus. (Sto. Inácio de
Antioquia)
Catecismo da Igreja Católica, §§ 495-498
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