Um famoso beatle,
John Lennon, na sua canção Imagine, pediu que seus ouvintes tentassem imaginar
um mundo como ele imaginava. Sem céu acima e sem inferno abaixo de nós, um
mundo que finalmente conseguiu viver a vida de verdade, na fraternidade humana
sem religião.
E a canção
prosseguia: “você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único, um
dia nós vamos ser uma só realidade.”
Muitos
cristãos cantaram esta canção do John Lennon que propunha o fim das religiões,
o fim do conceito de céu e o fim do conceito de inferno. Que propunha uma visão
materialista e rateia da vida. O famoso beatle estava no seu direito de propor
um tipo de mundo, como ele imaginava. Como nós estamos, famosos ou não, no
nosso direito de propor um mundo como nós imaginamos.
Não sendo tão
famosos, não tendo tanta mídia à nossa disposição, mesmo assim, podemos propor
ao mundo religiões mais tolerantes e fraternas, ateísmos mais tolerantes e
fraternos; um conceito menos mágico de céu e de inferno e uma fraternidade
humana com religião, mas com religião inteligente, sem fanatismo. Da mesma
forma que desejamos ateus não fanáticos ao nosso redor.
A triste
verdade é que religiosos mataram, movidos pelo fanatismo: luz demais. E ateus
também mataram, movidos pelo fanatismo, razão demais. Entre a revolução
francesa que sacrificou milhares de cidadãos, as revoluções comunistas, que
massacraram e puseram no cárcere milhares de compatriotas, as revoluções de
cunho religioso no Irã, na Irlanda e entre os católicos e evangélicos de
séculos atrás, podemos e devemos escolher um caminho mais sensato.
Houve
comunistas e marxistas que não concordavam com crimes e assassinatos e
religiosos que não concordavam com a violência em nome da fé. Foi, é e sempre
será triste saber que em nome da razão movimentos políticos e ateus perderam o
juízo. E que em nome da fé movimentos religiosos e crentes também o perderam.
Imagine não
com John Lennon, mas com milhões de outros, um mundo em que as pessoas, crendo
ou não crendo em Deus, no céu e no inferno, conseguem ser fraternas, com
religiosos e ateus sentados à mesma mesa. Imagine-os respeitosamente a colocar
cada qual diante do outro as suas convicções, sem um oprimir o outro.
Você vai dizer
que sou um sonhador, mas se John Lennon tinha esse direito, eu também tenho.
Pena que não sou tão famoso como ele, porque, assim, mais gente me ouviria.
Mas, agora que ele já está na outra vida e foi vítima do fanatismo de seu
assassino é bem possível que ele saiba mais do que eu. Se não existe outra
vida, nem céu e nem inferno e nenhum mal abaixo de nós, então ele acabou. Se
existe, é bem provável que ele já saiba que o diálogo e a tolerância continuam
a ser as melhores coisas que se possa desejar para o ser humano.
Pe.
Zezinho - http://www.padrezezinhoscj.com
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