“Um profeta só
não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”
Onde estão os
profetas? Será que a Igreja está sendo, aos olhos do mundo, encarnação da
mensagem dos profetas e sobretudo do profeta Jesus da Galiléia? Uma
Igreja vigorosa será aquela que se faz na esteira, na força e na
aparente fragilidade dos profetas.
A leitura de
Ezequiel proclamada na liturgia de hoje fala do nascedouro e da vocação
do profeta. Ezequiel se sente possuído por um espírito. É
convocado, chamado para uma missão. O espírito o põe de pé. Belo ver as
representações dos profetas de pé, com rosto forte e firme, semblantes rijos e
decididos. O profeta é enviado aos israelitas, homens e mulheres de
coração de pedra e de cabeça dura. O profeta sabe que precisa falar. Quer
escutem ou não escutem essas pessoas saberão que um profeta, um enviado da
parte de Deus, esteve no meio deles. Deus renova o mundo e a Igreja pela
voz dos profetas. “A esses filhos de cabeça dura e coração de pedra vou-te
enviar, e tu lhe dirás: ‘Assim diz o Senhor Deus’ . Quer te
escutem, que não – pois são um bando de rebeldes -, ficarão sabendo que
houve entre eles um profeta”.
Jesus, no
evangelho de Marcos hoje proclamado, se apresenta em Nazaré, sua cidade natal.
Não o faz como quem meramente visita sua família. Vai na qualidade de profeta,
com seus discípulos, como Rabi, com sabedoria e autoridade. As pessoas
estranham tais dotes porque conhecem suas origens humildes. Sua gente se
escandaliza com ele e não o aceita. Era um profeta muito frágil para merecer
crédito. Jesus não pode fazer milagres. Saiu decepcionado. “Um profeta só não é
estimado em sua pátria, entre os seus parentes e familiares”. Ali a voz de
Jesus, voz que denuncia o mal e constrói a verdade e o bem não pôde ser
ouvida. Jesus admirou-se da falta de fé de sua gente e passou a percorrer
os povoados vizinhos, ensinando. O profeta forte não é levado em
consideração. Ele é apenas o filho de José.
Paulo
exerce também a missão de profeta que denuncia e anuncia. Seu ministério é
fecundo e impressionante. Experimenta fraquezas e fragilidades e lhe é
revelado: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se
manifesta”. Paulo compreende que gloriando-se de suas fraquezas terá nele
a força de Cristo. A força do profeta está em sua fragilidade.
Estamos
vivendo um delicado momento da vida da Igreja. Necessitamos de profetas com
ardor e fogo. Os sacerdotes e responsáveis pela animação das comunidades
haverão de ser pessoas cheias de amor e de intimidade com o Senhor para poderem
atingir, com palavras e testemunho, os corações empedernidos e iluminar o
caminho dos perplexos. Precisamos homens e mulheres com forte
densidade humana e grande amor pelo Senhor para constituírem casais luminosos e
sólidos formadores de famílias que evangelizem a cultura atual. Nas
pastorais precisamos apontar para um novo que pode e deve explodir e não
apenas para a repetição do obvio. Precisamos de profetas que não estejam
preocupados com o próprio protagonismo e façam a experiência de Paulo:
“Quando eu me sinto fraco é que sou forte”.
Frei Almir
Ribeiro Guimarães
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