E Jesus perguntou: “Na tua opinião, qual dos três
foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu:
“aquele que usou de misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vai e
faze a mesma coisa” (Lc 10,36-37).
Mais uma vez a liturgia vem nos conduzir ao tema
“amor”. Não um amor breve e sem vigor, mas um amor gratuito, forte divino.
No Evangelho de hoje, Jesus, por meio de mais uma
parábola, nos fala sobre o amor que é misericórdia. Na parábola, nem o
sacerdote nem o levita deram atenção e cuidados ao homem caído à beira da
estrada. Quem parou, chegou perto, se compadeceu, cuidou, foi o samaritano.
Para quem não sabe, os samaritanos eram discriminados e detestados pelos
judeus. É justamente o samaritano que vive o verdadeiro amor ao próximo, o amor
misericordioso.
Jesus conta a parábola para reforçar o que o mestre
da lei já conhecia, mas não conseguia entender: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a
tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e a teu próximo
como a ti mesmo!” (Lc 10,27). Jesus mostra que não é uma questão de “fazer”
para se conseguir a vida eterna, mas de “amar”. Não amor “de brincadeira”, mas
amor pleno, coração, alma, forças e mente. Amor misericordioso, que vá em direção
ao outro, onde Deus se encontra.
Que o nosso jeito de amar egoísta passe por uma
transformação, tendo como modelo o amor caridade de Jesus, num gesto de
solidariedade, de fraternidade, de carinho... num gesto de encorajamento aos
excluídos, presidiários, drogados... num gesto de perdão e de compreensão.
Encerro essa reflexão com um lindo trecho bíblico,
que encontra-se na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13. Que
possamos rezar com ele:
“Se eu falasse as línguas dos homens e as dos anjos, mas não tivesse amor, eu seria como bronze que soa ou um címbalo que retine.Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de remover montanhas, mas não tivesse amor, eu nada seria.Se eu gastasse todos os meus bens no sustento dos pobres e até me entregasse como escravo, para me gloriar, mas não tivesse amor, de nada aproveitaria.O amor é paciente, é banfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo.O amor jamais acabará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá.Com efeito, o nosso conhecimento é limitado, como também é limitado nosso profetizar. Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito.Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. Agora nós vemos num espelho, confusamente; mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas em parte, mas, então, conhecerei completamente, como sou conhecido.Atualmente permanecem estas três: a fé, a esperança, o amor. Mas a maior delas é o amor”.
A paz de Cristo para todos nós!
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