“Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia? No entanto, nenhum deles
é esquecido por Deus. Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos
contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais” (Lc 12,6-7)
Quanto vale um pardal? Quase nada. Avezita comum, de voz estridente e sem maiores atrativos, compram-se dois deles por um ceitil (isto é, 10 gramas de cobre ou a décima parte de um dia de trabalho!). Não tem o canto melodioso nem uma plumagem exótica. Apesar desse valor tão ínfimo, sua pequena vida está sob a supervisão do Criador.
E nós, os filhos? Quanto valemos? Estaremos também nós sob os olhos vigilantes de um Deus paternal? Naturalmente que sim, ainda que uma “teologia da grandeza” tenha projetado universalmente a imagem de um Deus Todo-poderoso, arquiteto do Universo, mecânico dos planetas, Júpiter Tonante ocupado demais com a ordenação cósmica para gastar com os pequeninos um pedaço de sua olímpica eternidade...
Mais de uma vez, o Mestre de Nazaré tentou mudar a concepção de seus contemporâneos, apresentando-lhes uma visão radicalmente diferente de Deus, com sua face terna e paterna, um Deus que se comove exatamente com nossa fragilidade. Hoje, espero que você se livre definitivamente dessa triste imagem ao ler meu soneto “Contemplação”:
Olho as aves do céu... Vejo os pardais
Saltitando
no rude calçamento
Da
rua, onde encontram alimento
Que
graciosamente Vós lhes dais...
Vejo o lírio do campo... Muito mais
Que
Salomão, seu raro vestimento
Reflete
a luz do sol no firmamento
Com
os fios de ouro que fiais...
Sois tão grande, meu Deus, mas dos pequenos
Atendeis
o mais leve dos acenos,
Enquanto
a noite vem e o dia vai...
Ah! Se os grandes soubessem tudo isso,
Dariam
menos tempo ao seu serviço
Para
buscar em vós o amor do Pai!
Antônio
Carlos Santini, Comunidade Católica Nova Aliança.
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