No sexto mês,
o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a
uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente
de Davi e o nome da Virgem era Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse:
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,16-28)
Cada vez o
Natal está mais perto. Toda a liturgia de hoje é voltada para o mistério da
anunciação feita a Maria de Nazaré. Conhecemos a cena descrita por Lucas.
Maria, uma
jovem, quase adolescente, é convocada pelos céus para ser a mãe daquele que não
cabe em espaço algum. Quando chegou o momento preciso, ela é convidada a
dar seu assentimento, seu sim, talvez o sim mais importante de todos já
pronunciados pelos humanos. Há a Palavra que lhe é dirigida, há seu coração
que dá muitas voltas, há hesitações expostas, há uma certa perplexidade.
Mas tudo se resolve..
São Bernardo,
em página de delicadeza e beleza, pede a Maria que apresse em dar seu
assentimento: “Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem
demora ao anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia
uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de
Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna. Por que demoras?
Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua humildade se encha de
coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade
virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não
temas a presunção. Pois se a tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus,
mais necessário agora é manifestar tua piedade pela palavra. Abre, ó
Virgem Santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao
Criador. Eis que o Desejado de toda as nações bate à tua porta. Ah! se
tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu
coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a
Deus, abre pelo consentimento. Eis aqui, diz a Virgem, a serva do
senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lecionário Monástico, I, p. 255).
A partir do
sim de Maria rasgaram-se as cortinas do porvir. Começava a se formar no seio de
Maria de Nazaré o corpo do Verbo incorpóreo. Maria deu sua carne, seu sangue,
seu ventre para Deus pudesse viver a nossa vida e nos transformar por seu
nascimento, sua vida, sua paixão, morte e ressurreição. Deus, no dizer de
Marie Noël, não tinha mãos para apertar outras mãos, não tinha pés para
caminhar, nem corpo para viver e depois dar a vida pelos seus. Tudo isso
ele deve a Maria.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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