Não basta a simples prática religiosa. Não é
suficiente a realização de um programa mínimo de observâncias morais e
litúrgicas. A fé exige muito, tudo. Requer todo empenho do corpo, do coração e
da vida. Não podemos nos satisfazer com uma religião de “tranquilidades
piedosas”. O salmo nos lembra: “Ao que procede retamente mostrarei a
salvação que vem de Deus” (Sl 49(50),4). Essa retidão é exigente.
Isaías faz suas exortações:
“Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de
vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal” . Um claro convite a uma
mudança de comportamento. O ser humano faz a experiência do coração fissurado e
dilacerado. Quando recebe a graça do arrependimento precisa de uma
purificação. A água, a lavação do corpo é sempre símbolo de uma
purificação interior. Lavar-se, purificar-se pelo arrependimento, pela
reparação do pecado, sobretudo, pela ação de graças diante da misericórdia de
Deus.
Nas linhas da leitura de hoje encontramos uma
das mais belas afirmações da Escritura a respeito da misericórdia do Senhor
para com os pecadores; “Ainda que vossos pecados sejam como púrpura,
tornar-se-ão brancos como a neve. Se forem vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como lã”.
“Aprendei a fazer o bem!” Isaías exemplifica
modos e maneira de realizar o bem: procurar o direito, corrigir o opressor,
julgar a causa do órfão e defender a viúva. Estamos diante do obras de justiça
e de atenção delicada para com as pessoas mais fragilizadas pela vida e
deixadas de lado. O órfão e a viúva sempre foram tidos como pessoas merecedoras
de especial cuidado por parte dos corações retos.
Mateus, depois de relatar a postura religiosa
falsa dos mestres da lei e dos fariseus, com seu gosto pelos belos
títulos e com sua sede prestígio, exorta os seus leitores e ouvintes de Jesus:
- Que na terra não chamem a ninguém de pai, pois nosso único pai e aquele que está nos céus.
- Que não sejam chamados de guia, porque Cristo é o único guia.
- O maior é o que serve e quem se exalta será humilhado.
Trata-se, pois, de reagir a um formalismo. Nada de
praticar por praticar. Nada de viver de repetição monótona sem a dimensão
da profundidade cristã. Vivemos à luz fortíssima da fé num mundo novo em
gestação. Somos ativos construtores desse universo que é o Reino de Deus.
Frei Almir Ribeiro
Guimarães
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