A oração do
Pai-Nosso é atribuída ao próprio Jesus. O evangelista Lucas conta como os
discípulos, tendo visto Jesus em oração, aproximaram-se dele e disseram:
“Senhor, ensina-nos a rezar”. Lucas insiste em nossa incapacidade de
rezar e com isso apela para autoridade de Jesus. O Pai-Nosso se torna a
oração de Jesus na qual nós também devemos “entrar”. Mateus, por sua vez,
coloca o acento nas condições de uma verdadeira oração : entrar no
secreto do coração e não multiplicar os pedidos como se Deus pudesse ser
“dobrado” à força de muitas palavras. O Pai do céu sabe o que precisamos antes
mesmo que tenhamos expressado nossos pedidos. O primeiro evangelista faz
preceder a oração do Senhor com esta observação.
Quando
Jesus nos convida a dizer o Pai-Nosso, ele nos trata de igual a igual.
Com estas duas pequenas palavras tudo se passa como se bruscamente nos
tornássemos irmãos de Jesus, como se entrássemos no relacionamento íntimo que
ele estabelece com o Pai. Por isso, é importante ater-se sobre estas duas
palavras. Elas constituem, ao mesmo tempo, a porta de entrada e o ponto de
chegada da oração de Jesus. Alguns que não tiveram boas experiências do pai da
terra têm dificuldade em rezar o Pai nosso. Na realidade, a paternidade
humana encontra sua fonte e sua vitalidade na paternidade de Deus. Deus é o
único e verdadeiro pai. Os pais da terra o máximo que conseguem é assemelhar-se
a ele.
O Pai-Nosso
não começa com pedidos para nossa vantagem ou para cobrir nossas carências.
Pedimos que o nome de Deus seja santificado, quer dizer, Deus, o Pai de Jesus,
seja reconhecido por todos por aquilo que ele é. Pedimos que venha seu
reino, quer dizer o Reino de Deus e que ele possa difundir-se em todo o mundo.
Que se realizem entre os homens relacionamentos de amor que existem entre Jesus
e o seu Pai. Pedimos que sua vontade seja feita na terra como ela é feita no
céu. Esse Deus precisa de nós. Seu reino só pode realizar-se
se fazemos nossa a sua vontade.
Seguem os pedidos que nos concernem: o pão de todos os dias, o perdão e o distanciamento nosso da tentação, a libertação do mal. O pão é o alimento do corpo e também o alimento da totalidade da pessoa, ou seja, a eucaristia. Quando pedimos perdão, comprometemo-nos a perdoar e também que a tentação não seja insuportável. E que sejamos libertos do mal.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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