“Agora,
Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que,
fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida que o Senhor Deus de
vossos pais vai vos dar” (Dt 4,1).
Felizes os que
escutam a voz do Senhor! Os que auscultam os desejos do Senhor e se
deixam “trabalhar” por seus pedidos e solicitações são pessoas que estão
fadadas a viver. Os que não ouvem o Senhor se encaminham para a
morte. Não se trata apenas de ouvir a materialidade das palavras de
Moisés ou mesmo aquelas que saíram dos lábios de Jesus. Trata-se de uma
disposição fundamental da pessoa em querer saber precisamente o que o Senhor
dela deseja, quais seus projetos a seu respeito, quais as trilhas que
precisará seguir para chegar à terra das promessas.
Ouve o
Senhor o pobre, o indigente, aquele que experimenta perplexidades diante
de tantos caminhos que se abrem nas encruzilhadas de sua vida. O pobre
que não é autossuficiente é querido pelo Senhor.
Quando
entramos em nós mesmos, chegamos a ter um certo conhecimento a respeito de nós
mesmos: há esse corpo com suas possibilidades e
potencialidades, mãos e pés. Há esse interior, essa espécie de dentro
mais íntimo de nós mesmos que chamamos de coração. Desse poço interior brotam
nossos sonhos, desejos e projetos. Há esse ser humano forte e frágil,
cheio de interrogações e certo de que poderá vencer.
“Amarás o
Senhor teu Deus, de todo o teu coração. Procurarás fazer sua vontade, haverás
de santificar seu nome e o dia do descanso. Tudo é dele e tu haverás de
perguntar sempre e em todas as circunstâncias o que ele quer de ti, de tua
família, de tua comunidade. Não deverá passar um dai em que não dirijas a ele o
melhor de tuas entranhas: saborearás os salmos, retirar-te-ás para ler as
Palavras do Senhor com coração parecido com o de Maria, daquela que
escuta a Palavra e levarás tudo ao fundo do coração.
Amarás os teus
irmãos, a tua esposa, o teu marido, teus filhos, os de perto e os de
longe. Respeitarás o que dos outros. Respeitarás a dignidade de todos eles.
Porque eu me escondo no órfão e na viúva, nos mais abandonados da face da
terra.
E ainda
o Deuteronômio: “Procura com grande zelo não te esqueceres de tudo o que
viste com teus próprios olhos e nada deixes escapar do teu coração por todos os
dias de tua vida; ensina-o a teus filhos e netos”
Os que se
dobram carinhosa e atentamente para ouvir a voz do Senhor ingressam na terra
das promessas, passam pela porta aberta do coração do Redentor e entram na
terra onde correm leite e mel.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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