Sábado Santo,
dia de silêncio, de espera da noite da libertação, da chegada da aurora
definitiva. Fazemos ume reflexão sobre o tema inspirando-nos numa Antiga
Homilia no Grande Sábado:
Dia de silêncio. Não há celebração eucarística neste dia. Vazio. O grão de trigo foi lançado à terra. Vazio. Desolação, mas também esperança.“Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Grande silêncio porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos”.Jesus vai à procura de Adão, visita os que estão mergulhados nas sombras da morte. O Senhor entrou onde eles estavam levando a arma da cruz vitoriosa.Continua a Antiga Homilia: “Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permanecerdes na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti; somos uma só e indivisível pessoa”.E Cristo se dirige a Adão e a nós com palavras tocantes: “Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê em minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, conforme a minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti, para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz por causa de ti, que outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso”.Finalmente, as promessas de ventura para os que estão na mansão dos mortos: “Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou o meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti”.Sábado de silêncio, de espera, de grande reconhecimento. Sábado em que o Senhor desce à mansão dos mortos. Sábado do grande repouso.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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