quarta-feira, 27 de março de 2013

Quarta-Feira Santa: Isaías 50, 4-9; Mateus 26, 14-25



Jesus fez o que tinha que fazer. Andou pelos caminhos da terra dos homens. Olhou nos olhos de pescadores e fez deles missionários.  Subiu ao monte e ensinou as bem-aventuranças dos pobres  e  dos mansos. Desdobrou o programa de um mundo de irmãos, de fraternidade, de harmonia, de serviço, de acolhida das diferenças, de êxtase diante do Pai.  Acercou-se dos  mais abandonados. Observou a limpidez do coração de uma mulher que colocava  no cofre tudo o que tinha. Olhou nos olhos de Levi e Zaqueu e tentou atingir a liberdades desses homens que queria perto dele. Pediu que as pessoas que ouviam se convertessem e acreditassem que um  mundo novo, o  Reino de Deus, estava em gestação com sua fala, seus gesto e agora com sua paixão e morte.

Isaías,  na primeira leitura desta quarta-feira santa,  fala das coisas do passado,  mas ouvimos  nas considerações do profeta  a voz de Cristo: “O  Senhor  abriu-me os ouvidos;  não lhe resisti,  nem voltei atrás.  Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba;  não desviei os rosto dos bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu auxiliador,  por isso não me deixei abater  o ânimo, conservei o rosto impassível como  pedra, porque sei que não sairei  humilhado”.

Jesus fez o que tinha que fazer.  Mais não era possível. O horizonte se torna escuro e não há mais saída.  Os  fiéis discípulos do  Senhor  se preparam para estar com o Mestre e, nesta quarta-feira santa, contemplam a fragilidade de  Judas. O Iscariotes resolve entregar o Mestre em troca de trinta moedas de prata. Depois de acertar  o preço da venda  Judas procurava um  modo de entregar o Mestre que, com sua fragilidade, o decepcionara.

“Ao cair da tarde,  Jesus pôs-se  à mesa  com os doze discípulos. Enquanto comiam, Jesus disse:  ‘Em verdade vos digo, um de vós vai me trair’. Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: ‘Senhor, será que sou eu?’ (…) Então Judas, o traidor, perguntou:  ‘Mestre, serei eu?’ Jesus lhe respondeu: ‘Tu o dizes’”.

O mais belo dos filhos dos homens traído por um daqueles que estavam  sentados à mesa, em sua intimidade.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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