O grande drama da humanidade transparece no Prólogo
do Evangelho de S. João: “O Verbo era a luz verdadeira... Veio para o que era
Seu, e os Seus não o acolheram”. É a história de uma terrível recusa, de uma
fatal opção pelas trevas e pela morte definitiva.
E seria muito cômodo para nós aplicar esta recusa
apenas ao povo que viveu no tempo de Jesus, como se nós não estivéssemos
sujeitos ao mesmo risco. Pelo contrário, depois de vinte séculos de
cristianismo, nós conhecemos melhor do que eles o Caminho a ser trilhado. Por
isso mesmo, nossa eventual rejeição da luz que o Pai nos oferece em Jesus seria
muito mais grave. Nossa responsabilidade, muito mais séria.
Um pregador famoso lembrava que as casas noturnas
usam “luz negra” em seus ambientes exatamente para que o mal ali praticado e o
clima de licenciosidade não venham à luz. Nota-se a opção pelas trevas. Pelo
mesmo motivo, os malfeitores quebram as lâmpadas das ruas: querem liberdade
para praticar o mal sem serem identificados e penalizados.
Mas há formas ainda mais “refinadas” de optar pelas
trevas. Contestar o ensino do Magistério eclesial e deliciar-se com a leitura
de livros que caluniam a Igreja de Jesus, aí está a recusa da luz. Assistir a
programas de TV que zombam dos bons costumes e fazem propaganda da
libertinagem, dando audiência à catequese dos pagãos, eis a opção pelas trevas.
Explorar a mão-de-obra dos empregados, desviar as verbas do Governo, corromper
seus funcionários - aí está o dedo do príncipe das trevas.
O cristão opta pela luz. E não se limita a
estacionar em uma linha limítrofe, próxima ao país das sombras. Antes, se
esforça por mergulhar na luz, mais e mais, identificando-se pouco a pouco com o
modelo luminoso de seu Mestre, que veio “como luz ao mundo”.
Estar na luz é amar. S. João alerta: “Aquele que
diz estar na luz, e odeia a seu irmão, jaz ainda nas trevas”. (1Jo 2, 9.)
Que passos eu devo dar, em meu dia-a-dia, para me
afastar em definitivo de um mundo de trevas?
Orai sem cessar: “O Senhor é minha luz e minha
salvação.” (Sl 27 [26], 1)
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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