“Quem me viu, viu o Pai” (Jo
14,9). Estas palavras são fundamentais não só para Filipe, mas também para
cada um de nós, pois nelas vemos a clara epifania, ou seja, a manifestação do
rosto do Pai na pessoa do Filho Jesus.
Ver Cristo é
ver o próprio Deus. Esta verdade é tão profunda que foi o próprio Filho de Deus
quem no-la deu a conhecer: “Há tanto tempo estou convosco, e
não me conheces Filipe? Quem me viu, viu o Pai”.
Filipe, como
muitos dos nossos irmãos hoje em dia, ainda não tinha compreendido a verdade
segundo a qual o Filho estava em perfeita sintonia com o Pai, ou seja, numa
inter-relação total. Era necessário que se desvendasse, que se derrubasse a
parede que lhe impedia de reconhecer Deus Pai no Filho testemunhado pela pomba
e no alto do monte da Transfiguração: “Este é o meu Filho muito amado, no qual
pus todo o meu agrado. Escutai-o” (Mt 17,1-9).
Ao sermos
convidados a escutar a palavra de Jesus neste texto, o Pai se dá a conhecer,
assim como quer revelar no seu Filho a sua vontade. Portanto, não nos bastará
ouvir… Será necessário fazer uma mudança radical. Uma experiência viva das
obras do amor de Jesus, que são as obras do Pai: “As
palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que,
permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai
e o Pai está em mim” (Jo 14,10-11).
Ao
acreditarmos em Jesus, somos movidos a assumir as suas obras em vista da
promoção da vida plena para todos. Procuremos ver o rosto de Deus nos rostos
das pessoas por Ele amadas. Talvez você me pergunte como aquele jovem do
Evangelho de Lc 10,25-35: “Mas quem é o meu próximo?”
A resposta é simples. São os pecadores, os pobres, os humildes, os
marginalizados, os andarilhos, os doentes, os encarcerados, as prostitutas, os
alcoólatras e tantos outros. Aliás, “quanto pior for a pessoa com quem você
convive melhor será para você!”
Por quê?
Porque assim com fé, confiança e esperança na conversão desta pessoa, você se
converterá num verdadeiro orante e melhor exercitará a caridade, a paciência, a
misericórdia, o perdão e o amor desse Deus que se deu no Filho para o perdão
dos nossos pecados e salvação das nossas almas. Esta é a glória do Pai, que é a
glória de Jesus, à qual os discípulos são chamados a participar.
Como
discípulos, eu e você somos interpelados. Peçamos ao Senhor que nos dê esta
graça de “sermos um” com Ele, para que o mundo reconheça em nós Jesus Cristo, o
enviado do Pai ao mundo cuja missão é a libertação do pecado e a construção do
mundo novo de fraternidade e justiça.
Padre Bantu Mendonça
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