Calma! Jesus não tem nada contra os trombonistas!
Apenas usa uma expressão figurada para nos ensinar a discrição até no fazer o
bem. Podemos estragar uma ação boa com o nosso exibicionismo. Dizem que os
fariseus, ao lançar as moedas nos cofres do templo, deixavam que elas caíssem
bem do alto: assim, com seu tilintar, todos olhariam naquela direção e veriam a
cara do piedoso doador. Pois, sim...
A mãe de um amigo meu morava em uma pequena cidade
do interior de Minas. O marido tinha um pequeno comércio, ou melhor, uma
“venda”, como se dizia naqueles tempos. Toda manhã, discretamente, escondida do
marido (ou ele fazia vista grossa?), a senhora pegava uma bolsa com dois ou
três quilos de mantimentos e visitava uma família pobre. Somente após sua
morte, veio à tona a sua caridade. E todos compreenderam por que motivo metade
da cidadezinha era composta de afilhados e afilhadas daquele casal. Até Jesus
Cristo aplaudiria esse tipo de caridade.
A caridade cristã não tem nada a ver com
filantropia. Os filantropos e clubes de serviço não sabem fazer o bem sem
anexar rumorosa propaganda: vejam só o que estamos fazendo! Das obras dos
políticos, nem se fale! A placa chega a ser maior que a obra executada! Para
nós, Jesus propõe um caminho de vida interior, sem máscaras e sem purpurinas. O
Pai vê o que é secreto e nos recompensará por nossos gestos de amor. Ao
contrário, se nós damos um jeitinho de aparecer aos olhos dos homens, “já
recebemos nossa recompensa”, isto é: nossa goiaba já nasceu bichada!
Madre Teresa de Calcutá, contava que em sua
infância, na Albânia, muitas vezes havia pessoas estranhas à mesa. Quando
perguntava quem eram elas, a mãe respondia: “São parentes nossos que moram
longe daqui”. Na verdade, eram pobres sem recursos, que passavam por lá,
refugiando-se da guerra. A mesma mamãe ensinaria à pequena Teresa: “Se você
fizer alguma caridade, que ninguém o perceba!”
Jesus fala concretamente do jejum e da oração,
práticas louváveis que devem ser igualmente discretas. Deus aprecia a
simplicidade. Mas deve tapar os ouvidos para não ouvir certas orações que
fazemos, cheias de palavras eruditas, altissonantes, mas sem nenhuma
ressonância interior... Puro exibicionismo! É preciso muito cuidado com a
moderna tentação de promover a Igreja, vocações e Institutos através dos meios
da sociedade pagã, como táticas de marketing e propaganda. Não precisamos de
nada disso. Precisamos de santos.
Daí o conselho de Jesus: rezar em segredo, no
quarto, onde apenas os olhos do Pai estão voltados para nós. Certamente, ali
será mais sincera a nossa oração...
Orai sem cessar: “Como a criança no seio materno,
como tal criança são meus desejos.”
Antônio Carlos Santini, Comunidade Católica Nova
Aliança
http://www.nsrainha.com.br
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