“Deixo-vos a minha paz, dou-vos a minha paz, não como a dá o mundo” (Jo 14,27). Que amável brandura, que terno amor nestas palavras do Salvador, e, ao mesmo tempo, que profundo documento! Todos os homens desejam a paz, mas há duas pazes: a de Jesus Cristo e a do mundo.
O mundo diz ao ambicioso: Perturba-lhe, agita-lhe o desejo das grandezas? Suba, eleve-se. Ao avarento diz: Devora-lhe a cobiça das riquezas? Ajunte, acumule sem nunca parar. Ao licencioso, atormentado de seus apetites, repete-lhe a cada instante: Embriague-se de delícias, desafogue suas paixões, goze dos prazeres mundanos e terá a paz. Enganadora promessa! Cuidados, inquietações, desgostos, enfados, aborrecimentos, tristezas, cruéis pesares, devoradores remorsos, eis a paz do mundo!
Jesus Cristo diz: Vença a si mesmo, combata os seus desejos, resista às suas inclinações, enfreie a cobiça, quebrante as paixões; e a alma, dócil a seus preceitos, goze de inefável descanso. Os trabalhos da vida, os sofrimentos, as injustiças, as perseguições, nada pode alterar a sua paz, e esta paz celestial, que excede todo sofrimento, a acompanha em seu trânsito e a segue até o céu, onde se consumará sua bem-aventurança.
Dai-me, oh Deus pacífico, a perfeita paz do coração, o desprezo de mim mesmo, o vosso puro amor e o desejo constante de só a vós contentar, por vós sofrer, e por vós merecer a paz e o descanso eterno.
Do Livro “Imitação de Cristo”
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