“O
homem nascido da mulher vive poucos dias e é oprimido de muitas misérias”. Esta
é a sorte que nos fez o pecado. Ouvi os gemidos de toda a humanidade cuja
figura era Job: “Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: Um homem
foi concebido! Porque não morri no seio de minha mãe, ou não pereci quando vim
ao mundo! Por que me teve ela em seus braços e me criou nos seus peitos? Agora,
dormirei em silêncio, e descansarei em meu sono” (Jó 14,1; 3,3.11-13).
Mas
sobre esta grande miséria se levantava já a aurora de grandíssima esperança:
“Sei que meu Redentor vive: e que serei de novo revestido de minha carne e nela
verei o meu Deus; hei de vê-lo e meus olhos o contemplarão” (Jó 19,23-27)
Desde
logo tudo muda: aquelas dores, antes sem consolação alguma, unidas às do
Redentor não são mais do que uma penitência necessária, uma prova de justiça e
de misericórdia, um gérmen de eternas alegrias.
Cristo,
nosso Redentor, abriu, por sua morte, o céu ao homem decaído, que, por graça
única, pedia à terra uma sepultura. E nós poderíamos nos queixar dos
sofrimentos a que Deus reserva tão grande prêmio? Murmuraríamos quando pelas
tribulações se digna Jesus Cristo associar-nos aos méritos de seu sacrifício?
Senhor,
reconheço minha cegueira, minha ingratidão, e nada mais quero desejar neste
mundo que ter parte em vossa paixão, a fim de ser um dia participante de vossa
glória. Desta hora para sempre sede vós o senhor desta alma, o morador pacífico
dela. Iluminai meus olhos, meu bom Jesus, para que sempre vejam a sua suavidade
e brandura desse vosso coração, e, preso, de vossa formosura, tudo o mais não
tenham em mim entrada.
Do
Livro “Imitação de Cristo”
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