“Alguém do
meio da multidão, disse a Jesus: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a
herança” (Lc 12,13)
A pergunta
feita por aquela pessoa, cujo episódio está relatado no Evangelho de hoje, leva
Jesus a esclarecer que não veio para resolver interesses particulares de cada
um, especialmente com relação a bens materiais. Dá pra perceber que Ele mais
ensina a dar e partilhar do que a reclamar direitos. Jesus vem nos lembrar por
meio dessa passagem o que o Salmo 49 já dissera, que a riqueza não é um seguro
de vida.
A nossa
preocupação em darmos condições financeiras agradáveis aos nossos entes
queridos não pode se tornar dona dos rumos da nossa vida. Dar à família uma
vida digna não quer dizer que temos que passar por cima de tudo e de todos para
chegar a esse objetivo. Não podemos nos tornar dependentes do dinheiro e dos
bens materiais, vivermos como se dependêssemos desses bens, crermos que nossa
segurança e futuro estão neles fundamentados, pois isso nos leva a idolatrarmos
o dinheiro, colocando-o num pedestal que só caberia Deus. Não podemos servir a
dois senhores... E não adianta entrarmos nessa pensando em ir à frente só mais
um pouquinho, pois esse pouquinho não bastará.
Façamos uma
perguntinha básica a nós mesmos: até que ponto somos capazes de dar até o que
nos é quase necessário para que outros possam ter uma vida digna? Nada mais
triste do que o apego avarento aos bens que a traça come...
Aí, lembro da
parábola contada por Jesus nesse mesmo Evangelho, onde o homem rico já não
sabia mais o que fazer com os seus bens. Construiu celeiros maiores para que
protegessem os bens. Só pensava em guardar, guardar, guardar... Não pensava ele
que sua vida terrena poderia acabar a qualquer momento! E para que serviriam
tantos bens guardados? Não passara pela cabeça dele que tantos bens poderiam
ser partilhados e ainda não lhe faltaria. Aqui recordo dos ensinamentos do Mestre,
de que Deus não desampara aos que a Ele se voltam. Da vida nada levamos a não
ser o bem, o amor partilhado e o uso generoso daquilo que conseguimos juntar. A
riqueza da caridade humana é o que importa para Deus. Jesus nos alerta, por
meio dessa passagem bíblica, que um dia seremos julgados não por aquilo que
possuímos, mas pelo modo como vivemos, na fidelidade a Deus e aos irmãos, pela
prática constante do amor.
Peçamos ao
Senhor, neste dia, que envie o Seu Espírito para nos orientar, ensinando-nos a usar
os nossos bens materiais cristãmente, usando-os também em favor dos mais
necessitados; que não deixemos sair da nossa frente quem nos entende as mãos
vazias. Assim, imitaremos o Pai do Céu, que dá tudo o que possui, sem nada
cobrar em troca...
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