Tanto na
primeira leitura quanto no Evangelho deste dia aparecem as indicações de chorar
e de choro. Podemos chorar de dor física, de mal-estar da mente ou da alma.
Pode haver um choro de alegria em que as lágrimas se misturam com o júbilo. Há
o choro do doente que sente dores e da criança que busca pela mãe.
Vejamos de que
lágrima nos fala o Apocalipse: “Ninguém no céu e na terra, nem debaixo da terra
era digno de abrir o livro ou de ler o que nele está escrito. Eu chorava muito,
porque ninguém foi considerado digno de abrir ou de ler o livro”. Na realidade,
o Cordeiro que estava no centro, de pé, como que imolado é que poderia abrir o
livro. Ele estava de pé, como imolado e ressuscitado. E todos se prostraram
diante dele, desse que havia morrido na cruz e agora era o ressuscitado.
Conhecemos o hino cantado ao Cordeiro naquele momento: “Tu és digno de receber
o livro e abrir os seus selos, porque foste imolado e com teu sangue adquiriste
para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação”. “Um dos anciãos me
consolou: ‘Não chores! Eis que o leão da tribo de Judá, o rebento de Davi, saiu
vencedor. Ele pode romper os selos e abrir o livro”. O choro se transforma em
alegria com a vitória do Cordeiro sobre a morte.
No evangelho
aparece um plangente lamento de Jesus. Ele chega Jerusalém e chora diante de
sua cidade. O tempo ia passando e a cidade não reconhecera a visita do Senhor.
Há, é claro, uma alusão à destruição da cidade pelas forças inimigas. Jesus
chora de pena porque a cidade será dizimada. Mas podemos pensar nesse Jesus que
vai se aproximando do tempo de sua paixão e morte e constata que sua cidade não
escutara sua voz. Vidas e histórias não ouviram a voz de Jesus, não
compreenderam aquilo que lhes poderia dar a paz. Jerusalém não conheceu o tempo
da visitação de Deus.
Felizes
aqueles que compreendem que o Cordeiro imolado e ressuscitado é forte razão
para que vivamos numa profunda alegria, ele somente ele, é digno de abrir as
páginas do livro da Igreja e de cada um de nós. Felizes aqueles que entendem as
visitas do Senhor e conhecem o tempo em que estão sendo visitados.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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