Isaías nos
transmite um texto de profundíssima alegria: acabou-se a servidão. O profeta
anuncia, de fato, uma incontida alegria. No meio do texto, ele mesmo se
pergunta a respeito do que deve anunciar: “Dizia uma voz: Grita. E respondi:
O que devo gritar? A
criatura humana é feno, toda a sua glória é como flor do campo: seca o
feno, murcha a flor, mas a palavra de nosso Deus fica para sempre”. Sim, a
Palavra permanece para sempre e essa Palavra se torna carne, em Jesus o menino
das palhas, palhas-feno, criança que nasce num canto do Oriente. Tudo
passa, menos a Palavra que se tornou carne, e habitou entre nós. O
profeta deverá subir a uma alta montanha e anunciar a boa nova.
Os autores do Missal Cotidiano da Paulus
assim comentam o trecho de Isaías proclamado em nossa liturgia: “Descreve
o profeta aquele que está para vir e, ao mesmo tempo, exorta os homens a
preparar-lhe o caminho. Não é mais tempo de desânimo e de tristeza, mesmo os
que perderam a confiança devem crer novamente: o Senhor vem de verdade! Mas têm
os homens esta sensação? Num mundo cheio de misérias e maldades, a visão de
Deus é muitas vezes deformada. Há quem pretenda que Deus intervenha
sempre com um toque mágico para sanar as chagas da humanidade: há quem
veja nele apenas o juiz inexorável que nos espiona para punir todas as
iniquidades. E, no entanto, as palavras de Deus são, sobretudo, palavras de
paz. É um Deus que vem com poder, mas poder que se apresenta sob as imagens
mais afáveis e carinhosas, como a do pastor que apascenta o seu rebanho e traz
aos ombros os cordeirinhos. Jesus assumirá esta imagem e toda a vida e todos os
seus atos revelarão o amor do Pai, a sua verdadeira face” (p. 38).
O Senhor que
vem tem o nome de Pastor. Isaías assim o descreve: ele é pastor forte, reúne os
cordeiros, carrega-os ao colo. Mateus, no Evangelho hoje proclamado, fala do
Deus pastor que não deseja que nenhum dos pequeninos venha a se perder. O Deus
que vem no Natal vai se tornar o grande pastor das ovelhas desgarradas e
perdidas. Vem para juntar as perdidas e fazer com que haja comida, casa e
proteção para todas.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Nenhum comentário:
Postar um comentário