“...
Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo.
Assim, as gerações desde Abraão até Davi são catorze; de Davi até o exílio na
Babilônia catorze; e do exílio na Babilônia até Cristo, catorze” (Mt 1,16-17)
É natural que muita gente fique entediada diante da longa lista de nomes estranhos, quase ridículos, geração após geração, desde o patriarca Abraão até o justo José, esposo de Maria. Mas não foi por acaso que o evangelista Mateus abriu desta forma o seu livro inspirado. Nem é por acaso que a liturgia do Advento – já tão próximo o Natal! – traz a mesma passagem para nossa reflexão.
Há um objetivo claro na escolha deste Evangelho: mostrar de modo cabal que a “encarnação do Verbo” não é história da carochinha, mas um evento cravado firmemente na história dos homens. A mesma humanidade frágil e inconstante com quem o Senhor paciente tentara, em vão, seguidas alianças.
Com
Noé, após o dilúvio, Deus experimenta aliar-se a toda a humanidade
sobrevivente. Quando a noiva se mostra infiel, Deus renova sua aliança com
Abraão, separando um povo de todo gênero humano, seu povo de predileção.
Insistindo o povo em suas idolatrias, Yahweh separa uma tribo entre as doze, a
tribo de Davi, a quem prometeu construir uma “casa”, isto é, dar-lhe uma
linhagem ou descendência. Dela nasceria o Salvador, o Ungido de Deus.
A leitura - ainda que monótona – de tantas gerações vem comprovar que Deus cumpriu suas promessas. Deus é fiel. É com José (da tribo de Davi, do povo de Abraão, da raça de Noé!) que se casa a Virgem Maria. Pai putativo de Jesus, resumindo em sua pessoa as três alianças, José permite que o Salvador seja enxertado no gênero humano, agindo por nós a sua justiça. Deus, agora, é da nossa raça.
E que raça! A raça de Jacó, o trapaceiro. A raça de Raab, a prostituta. A raça de Rute, a estrangeira, a que não era povo. A raça de Davi e Betsabé, os adúlteros. A raça de Acaz, o idólatra. Uma raça de pecadores. Uma raça decaída. E assim fica bem claro que o Filho de Deus se faz solidário conosco, assumindo sobre si os nossos pecados. Humanizando-se, ele nos regenera e santifica, inaugurando para nós uma vida de plena comunhão com Deus.
Hoje, nós somos o novo Israel. Cada um de nós é chamado a encarnar nesta camada do tempo a mesma Aliança realizada em Cristo. O Natal que se aproxima atrai nosso olhar para o presépio. Ali – Deus e homem – Jesus revela que o Pai nos ama. Somos filhos. Renascemos para o amor...
Orai sem cessar: “O Senhor se lembra eternamente de sua aliança, da palavra que empenhou a mil gerações!” (Sl 105,8)
Antônio Carlos Santini, Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário