Quando Jonas – mesmo a contragosto – foi enviado
por Deus aos habitantes de Nínive, sua presença e mensagem sinalizaram para
aquele povo que Deus lhes dava uma oportunidade. Como acontece com as
sociedades que dominam novas técnicas e passam a acumular riquezas, Nínive
experimentava grande decadência de costumes. Assim, a mensagem de Jonas soava
como ameaça iminente: “Mais quarenta dias e Nínive ficará de pernas para o ar”
(cf. Jn 3,4 – TEB).
Para surpresa do próprio Profeta, todo o povo,
inclusive o rei, fez jejum e penitência, estendidos até aos animais
irracionais. A corrupção moral não chegara a cegar aquela sociedade.
Corrompidos, sim, mas não pervertidos. Ainda eram sensíveis às promessas da
misericórdia. E Deus desistiu do castigo que prometera.
No tempo de Jesus, Israel estava sob a implacável
dominação romana. A vida do povo era uma vida dura e sofrida. Quando veio o
Messias, sua mensagem foi acolhida sem reservas e as multidões o seguiam. Mas
os dirigentes da nação – políticos e religiosos! – sentiram-se ameaçados com
sua presença e seu Evangelho. De algum modo, os poderosos se haviam acomodado à
presença romana e, para dizer a verdade, lucravam muito com essa coabitação.
Por isso mesmo, rejeitaram o Cristo e o levaram à cruz... Eis uma geração
per-versa. Isto é, completamente per-vertida, desviada do caminho.
Em nosso tempo, não precisamos da presença de Jonas
ou algum dos profetas. É que as coisas já estão “de cabeça para baixo”:
relações familiares, comportamento sexual, utilização dos bens da Criação,
distribuição das riquezas. Basta a contemplação da realidade (mesmo sem
profetas!) para nos dar a certeza de que precisamos re-orientar nossa vida para
Deus. Violência sem freios, deterioração das metrópoles, corrupção dos
legisladores, degradação ambiental, em suma, uma cultura de morte...
O cenário que se desenrola à nossa volta é aquilo
que Jesus chamaria de “sinal dos tempos”. Vemos esses sinais? Examinamos seu
significado? Compreendemos que são fruto de uma opção por viver sem Deus? Que
eles manifestam a fratura da fraternidade humana?
Ou também nós merecemos o nome de “geração
perversa”?
Orai sem cessar: “Todos os caminhos do
Senhor são misericórdia e verdade!” (Sl 25,10)
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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