“Eu sou a luz
do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.
Jesus é uma
eterna interrogação. No evangelho de hoje, temos a continuação do
processo que se vai instaurando contra o Mestre pelas forças do mal. Logo do
início, o Senhor se declara luz do mundo. Transcrevemos uma luminosa
página do Concílio do Vaticano II que fala dos questionamentos do gênero
humano e aponta para Jesus como aquele que esclarece, que ilumina o sentido
de viver.
“O mundo
moderno apresenta-se, simultaneamente poderoso e fraco, capaz do melhor e do
pior; abre-se diante dele o caminho da liberdade ou da escravidão, do
progresso ou da regressão; da fraternidade e do ódio. Por outro lado, o
homem toma consciência de que depende dele a boa orientação das forças
por ele despertadas e que podem oprimi-lo ou servi-lo. Eis porque se interroga
a si mesmo.
Na verdade, os
desequilíbrios que atormentam o mundo moderno estão ligados a um desequilíbrio
mais profundo que se enraíza no coração do homem.
No íntimo do
próprio homem, muitos elementos lutam entre si. De um lado, ele experimenta,
como criatura, suas múltiplas limitações; por outro lado, sente-se ilimitado em
seus desejos e chamados a uma vida superior.
Atraído por
muitas solicitações, é continuamente obrigado a escolher e a renunciar. Mais
ainda: fraco e pecador, faz muitas vezes o que não quer e não faz o que
desejaria. Em suma, é em si mesmo que o homem sofre a divisão, que dá origem a
tantas e tão grandes discórdias na sociedade.
Muitos, sem
dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter
uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria,
sentem-se incapazes de prestar-lhe atenção.
Outros, em
grande número, julgam encontrar satisfação nas diversas
interpretações da realidade que lhes são propostas.
Alguns, porém,
esperam unicamente do esforço humano a verdadeira e plena
libertação da humanidade e estão persuadidos de que o futuro domínio do
homem sobre a terra dará satisfação a todos os desejos de seu coração.
Não faltam
também os que, desesperando de encontrar o sentido da vida, louvam a
audácia daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer
significado próprio, se esforçam por encontrar todo o seu valor
apoiando-se apenas no próprio esforço.
Contudo,
diante da atual evolução do mundo, cresce o número daqueles que formulam
questões mais fundamentais ou as percebem com nova acuidade. Que é o
homem? Qual é o sentido do mal, do sofrimento, do mal e da morte que,
apesar de tão grandes progressos, continuam a existir? Para que servem
semelhantes vitórias, conseguidas a tanto custo? Que pode o homem dar à
sociedade e dela esperar? Que haverá depois desta vida terrestre?
A Igreja,
porém, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todo o gênero
humano, oferece ao homem, pelo Espírito Santo, luz e forças que lhe permitirão
corresponder à sua vocação suprema: ela crê que não há debaixo do
céu outro nome dado aos homens pelo qual possam ser salvos.
Crê igualmente
que a chave, o centro e o fim de toda a história humana encontra-se em seu
Senhor e Mestre.
A
Igreja afirma, além disso, que, subjacente a todas as transformações,
permanecem imutáveis muitas coisas que têm seu fundamento último em
Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre”. Gaudium et
Spes, 9-10
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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