Jesus, uma vez
mais, nos convida à conversão. Adverte: “Se não vos converterdes, todos
vós perecereis”. Neste tempo da Quaresma, somos convidados a fazer sério exame
da qualidade de nosso seguimento do Senhor Jesus. A quantas anda nossa
conversão?
O centro de
nossa fé não é uma doutrina, mas uma pessoa: Jesus, enviado do Pai, filho
de Maria, morto e ressuscitado, reino novo, reino de Deus feito carne. As
palavras e a vida de Jesus nos convidam a uma transformação de vida que se
chama conversão.
A conversão é
uma resposta do homem à proximidade de Deus. Moisés estava diante de um
arbusto que queimando não se consumia. E o Senhor lhe falou do meio da
chama. O líder do povo faz essa experiência de Deus. Tira a sandália dos pés e
compreende que aquela terra era santa. Esse Deus o convoca a arrancar o povo do
deserto, da terra da escravidão. Converte-se da confiança em si mesmo e joga-se
em Deus. Vai agir, pela fé, na força de Deus.
Muitos de nós
somos católicos desde pequenos. Nossos pais fizeram com que fôssemos batizados.
Passamos a ter costumes cristãos e adotar tradições religiosas. Celebramos o
Natal e a Páscoa, participamos da Missa, rezamos. Tudo isso deverá ser
feito. Mas por detrás das práticas e dos costumes religiosos está o homem
ou a mulher em estado de conversão, de transformação da vida.
Passamos a viver segundo os Estatutos do Reino que é o Sermão da Montanha
de Mateus. Os que se convertem são pessoas pobres, sem apegos a coisas e
bens, desapropriados de tudo, livres para ouvir a voz do Senhor. São
pessoas que fazem que iluminam a vida dos outros e salgam existências
humanas. Brilham diante de todos de tal forma que as pessoas de sua
redondeza, pelo seu exemplo, levam-nas a Deus. Seu sim é sim e seu não é
não. Não se angustiam com o que comer ou o que vestir porque o Pai que
cuida das aves dos céus cuida também de cada um. Lutam para não guardar
ressentimento e mágoa. Experimentam, como Francisco de Assis, até mesmo alegria
quando podem sofrer algo pelo seu Senhor. Sabem que precisam carregar a
cruz de todos os dias. Não o fazem com resignação mas profundamente unidos ao
mistério pascal de Cristo, unem seus sofrimentos aos sofrimentos de
Cristo. Para esses que estão em estado de conversão, como diz Paulo,
viver é Cristo. Não descansam enquanto o amor que é Cristo não é amado.
Por isso são evangelizadores. Na realidade sentem saudades do eremo, do
silêncio, mas não podem deixar de evangelizar. Assim, os verdadeiros discípulos
vivem em estado de conversão.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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