sábado, 2 de março de 2013

Leitura Bíblica: Miqueias 7,14-15.18-20



Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de sua propriedade?

Miqueias é convidado a pastorear o rebanho do Senhor na volta do exílio. Deus cuida dos seus e lhes garante o perdão. Esse será o teor da fala do profeta.

Nunca haveremos de compreender suficientemente a misericordiosa  bondade do Senhor que, com seu perdão,  coloca em nosso interior uma renovada vontade de viver.

Muito  já refletimos sobre o mistério de nosso existir.  Somos pó, fragilidade e, ao mesmo tempo, temos desejo das alturas, da plenitude da bondade. Somos uma contradição ambulante. Buscamos as estrelas e, ao mesmo tempo, rastejamos por espaços lamacentos. Não temos a coragem de nos entregar de verdade ao  Senhor. Ouvimos sua voz em nosso interior, acolhemos as palavras dos profetas que nos convidam à conversão, ouvimos o apelo de Jesus para sermos artífices e construtores de um mundo de harmonia. Aqui e ali caímos. Pior, por vezes, há mesmo uma instalação na mediocridade, na monotonia de uma vida sem sentido, na repetição de palavras, gestos que não nos plenificam. Somos pecadores. Pela misericórdia do Senhor, a vida em plenitude pode ser retomada.

“Pela misericórdia, o passado do homem pecador não existe mais; ele pode recomeçar tudo. Pode alguém sentir-se chocado  com esse continuo falar de misericórdia e perdão. Parece-lhe pouco sério refugiar-se junto a um Deus que  passa por cima de nossa falta de esforço. Dir-se-ia um  jeito demasiado fácil de libertar-se da consciência. Quem, porém, raciocina deste modo esquece  que a misericórdia de Deus está ligada à exigência da conversão e que o perdão é verdadeira redenção, libertação, renovação, nova criação. Deus não fecha os olhos com complacente paternalismo, mas abre novo crédito de confiança a nossas responsabilidades e dá garantia de vencer o mal com o bem. Renova assim no pecador a a alegria de viver”  ( Missal Cotidiano da Paulus,  p. 222).

Quando fazemos a viagem em nosso interior e experimentamos a dor de não termos sido do Senhor, de termos caminhado como ele não fosse nosso companheiro, de termos ceifado alegria do coração de nossos irmãos, de termos  girado em torno de nosso pequeno universo temos um desejo incontido de perdão que nos permita recomeçar a história de uma outra maneira.  Ganhamos uma vontade de viver.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

Nenhum comentário: