quinta-feira, 1 de março de 2012

Imitemos o exemplo de Cristo como pastor

Se quereis parecer-vos com Deus porque fostes criados à sua imagem, imitai o seu exemplo. Se sois cristãos, nome que já é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo.

Considerai as riquezas de sua bondade. Estando para vir como homem ao meio dos homens, enviou à sua frente João, como pregoeiro e exemplo de penitência; e antes de João, tinha enviado todos os profetas para ensinarem aos homens o arrependimento, a volta ao bom caminho e a conversão a uma vida melhor.

Vindo, pouco depois, ele mesmo em pessoa, proclamou coma sua voz: Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados e eu vos darei descanso (Mt 11,28). Como acolheu ele os que ouviram a sua voz? Concedeu-lhes sem dificuldade o perdão dos pecados e a imediata libertação de seus sofrimentos. O Verbo os santificou, o Espírito os confirmou; o velho homem foi sepultado nas águas do batismo e o novo, regenerado, resplandeceu pela graça.

Que conseguimos ainda? De inimigos de Deus, nos tornamos amigos; de estranhos, filhos; e de pagãos, santos e piedosos.

Imitemos o exemplo de Cristo como pastor. Contemplemos os evangelhos e vendo neles, como num espelho, o exemplo de sua solicitude e bondade, aprendamos a praticá-las.

Vejo ali, em parábolas e figuras, um pastor de cem ovelhas que, ao verificar que uma delas se afastara do rebanho e andava sem rumo, não permaneceu com as outras que pastavam tranquilamente. Saiu à sua procura, atravessando vales e florestas, transpondo altos e escarpados montes, percorrendo desertos, num esforço incansável até encontrá-la.

Tendo-a encontrado, não a castigou nem a obrigou com violência a voltar para o rebanho; pelo contrário, tomando-a nos ombros e tratando-a com doçura, levou-a para o aprisco, alegrando-se mais por esta única ovelha recuperada do que por todas as outras. Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola. Nem esta ovelha nem este pastor são propriamente uma ovelha e um pastor; são imagem de uma realidade mais profunda.

Há nesses exemplos um ensinamento sagrado: nunca devemos considerar os homens como perdidos e sem esperança de salvação, nem deixar de ajudar com todo empenho os que se encontram em perigo nem demorar em prestar-lhes auxílio. Pelo contrário, reconduzamos ao bom caminho os que se afastaram da verdadeira vida e alegremo-nos com a sua volta à comunhão daqueles que vivem reta e piedosamente.

Das Homilias de Santo Astério de Amaséia, bispo, séc. V

Sempre alegres


Certo dia, estando de passagem pela Bahia, vi numa praia um velho pescador que pescava com vara. Parei e fiquei assistindo.

Durante mais de meia hora o pescador ficou controlando um peixe que já estava fisgado; o peixe era grande e estava se debatendo. Se o pescador quisesse puxar a linha imediatamente, não conseguiria pescá-lo; o peixe iria escapar do anzol ou a sua boca iria se rasgar.

O pescador foi controlando, soltando a linha e deixando o peixe se debater; depois puxava de novo a linha... Isso durou mais de meia hora. No momento certo ele trouxe o peixe para fora da água: era um peixe enorme. Vi toda a arte daquele pescador... seu sorriso quando puxou o peixe. Pude ver a sua realização... Para mim foi uma lição maravilhosa.

Deus procede assim conosco. Somos indóceis e rebeldes como o peixe, achando que somos donos do mundo. Só que estamos sob o controle de Deus. Deus nos ama e não irá deixar de nos amar, mesmo se rejeitamos o seu amor, pois já estamos fisgados. Ele sabe que cedo ou tarde iremos ao seu encontro. Quanto mais o peixe se debate mais sofre e se machuca. Nós somos assim, também. Acabamos nos ferindo pela nossa própria rebeldia.

Temos que nos lançar nos braços de Deus. Precisamos dar graças, mesmo não entendendo, porque Deus é mais artista do que aquele pescador.

Eu estava ao lado do pescador, contemplando tudo. Não entendia da arte de dominar um peixe daquele tamanho, pego numa linha por um anzol. Eu não podia dar nenhum palpite, mas estava ao lado, torcendo por aquele pescador. É assim que ficamos ao lado de Deus.

Diante das situações mais intrincadas, por nossas forças, não conseguimos nada, mas se estamos ao lado de Deus, tudo é possível.

A primeira coisa que acontece, quando estamos afastados de Deus é perder a alegria. Aí não se realiza o ''estai sempre alegres''. E a tristeza nos pega. Mas no momento em que fazemos as pazes com Deus, a alegria nos invade o coração.

A palavra de Deus nos afirma que ''a alegria é um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida''. Esta é uma verdade.

A conseqüência das decepções e tristezas é a morte. A palavra de Deus nos ordena:
''Afasta a tristeza para longe de ti, pois a tristeza matou a muitos'' (cf. Eclo 30, 22-27).

Do Livro “Combatentes na Alegria”, de Monsenhor Jonas Abib