terça-feira, 6 de maio de 2014

O vaso que sangra


Lembro-me que certa vez, há uns trinta anos, eu participava de um Encontro Internacional de Líderes Carismáticos em Roma, e uma das palestrantes era uma mulher de Santo Domingo, que nos contou sua própria experiência espiritual. Ela disse que, preparando-se para aquilo que Deus queria que dissesse naquele encontro, passou dois dias em retiro, numa casa de retiros.
Parecia-lhe que, durante as horas de recolhimento, ela notava algo como uma visualização diante dela. Ela via um vaso muito bonito, todo esculpido, mas estava quebrado. Ela viu no vidro algumas gotas de sangue. Esta mulher pediu a Jesus, para que Ele dissesse a ela o significado daquela visualização.
Depois de rezar e rezar, ela sentiu Jesus dizendo-lhe: “Esse vaso bonito é você, esculpido, pintado. Isso significa que eu te dei de presente muitos carismas. Agora veja, houve um tempo em que este vaso estava cheio, cheio de Mim. Você costumava vir e rezar para Mim, você me visitava com frequência na Eucaristia. Você costumava abrir a Bíblia para discernir Minha vontade, e assim o vaso se enchia. As pessoas começaram a ver que Eu estava vivendo em você. E por isso elas começaram a vir, consultar e pedir que você rezasse junto com elas. E você deu-Me a elas. Mas depois você começou a se envolver com tantas coisas; você já não tinha mais tempo para Me consultar! Mas as pessoas continuaram a vir até você, e você continuou a dar a elas o que havia no vaso, até que o vaso ficou vazio, porque já não havia mais oração em você. Agora, dado que as pessoas continuavam vindo até você e você tinha que dar algo a elas, e então você começou a dar a si própria. Você começou a dar a elas um pedaço do vaso, você começou a dar a elas a sua experiência, você começou a dar a elas a sua instrução teológica, você deu a elas tudo isso, menos a Mim. Agora, quando você dava água a elas, isso as refrescava, mas quando você começou a dar-lhes os cacos de vidro, isso começou a machucá-las e esses são os pingos de sangue no vaso quebrado.”

Do Livro “O Líder de Fé”, de Frei Elias Vella