quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Leitura Bíblica: Marcos 6, 45-52

O vento era contrário... (Mc 6,48)

Quem não tem prática de navegação a vela não imagina a importância do papel do vento! E como é difícil velejar contra o vento! O mesmo vento que impele o veleiro como garça ligeira – quando favorável – é o vento que rasga as velas e quebra o mastro, quando encrespa o mar como tormenta e vendaval...

Ora, a vida cristã sempre foi navegação contra o vento. Vento do paganismo, vento dos césares, vento dos bárbaros, vento das revoluções, vento do nazismo, vento do comunismo ateu. Perguntem aos mártires, a Pedro e Paulo, a Mindszenty e Van Thuan, confessores da fé... Apesar de tantas barreiras e oposições, a Barca de Pedro segue seu périplo em direção ao grande Dia do Senhor.

É bem verdade que existem uns marinheiros chorões... Vivem reclamando: “Como é difícil ser cristão!” Sobem à barca, mas não miram o horizonte. Divagam o olhar para os lados, com saudades do porto, recordando o balé das praias na praia preguiçosa e lamentando a distância dos grandes mercados e seus prazeres...

Nós não podemos ser assim! Apesar da pobreza de nossos meios e da fragilidade de nossos recursos pessoais, devemos navegar adiante, apoiados na Graça do Deus fiel que jamais abandona o navio.

Como escreveu Orígenes, “quando, entre sofrimentos, nos tivermos mantido firmes durante as longas horas da noite escura que reina nos momentos de provação, quando houvermos lutado o melhor possível para evitar o naufrágio de nossa fé, estejamos seguros de que ao fim da noite, ‘quando noite estiver avançada e já nascendo o dia’ (cf. Rm 13,12), o Filho de Deus virá junto de nós, caminhando sobre as águas, para nos tornar o mar favorável”.

É quando Jesus aparece a caminhar sobre as águas, demonstrando sua natureza divina e seu domínio sobre os elementos. O Senhor está acima de todos os poderes naturais. E o evangelista anota: apenas Jesus subiu à barca, o vento cessou.

Será que aprenderemos um dia esta lição? Sem Jesus, nossa barca ameaça soçobrar. Crises na família. Atritos no trabalho. Dissensões na Igreja. Se nossa humanidade falha e pecadora fica entregue a si mesma, produz habitualmente tais frutos de morte. Competição, inimizades, rancores. Mas se Jesus encontra espaço em nossa barca, o vento cessa e vem a bonança.

O Evangelho de hoje deixa claro para nós que foi de Jesus a iniciativa de ir ao encontro dos discípulos dominados pelo medo. Certamente, há muito tempo Jesus tenta subir à nossa barca...

Por que será que ainda não o deixamos entrar?

Orai sem cessar: “O Senhor será um refúgio para o seu povo!” (Jl 4,16b)

Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.