quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

#FicaAdica 68





Deus nos criou com infinitas capacidades e dons. Colocou em nossas almas sua própria imagem. Como a lua reflete a luz do sol e faz clarear a noite, também nós refletimos a imagem de Deus, fazendo clarear nossos próprios caminhos. Alguns refletem tanto a imagem de Deus que iluminam o caminho de muitas outras pessoas. Essas pessoas tornam-se sinais: são os(as) santos(as) de ontem e os(as) santos(as) de hoje!

Então, se queremos encontrar amizade, doçura, poesia… devemos levar tudo isso dentro de nós. As pessoas estão aí para serem reconhecidas, ajudadas, amadas… Quando conseguimos transmitir essa luz de Deus que está em nós para as pessoas, vamos aquecendo seus corações, descongelando o ódio, a desilusão, a desesperança. Onde houver ódio, levemos amor; onde houver trevas, levemos a luz!

Frei Paulo Sérgio, ofm

Leitura Bíblica: Jeremias 18, 18-20; Mateus 10, 17-28



Mateus diz que Jesus subia para Jerusalém.  O Mestre tem em mente os embates que deverá enfrentar. Toma os seus à parte e  diz:  “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem deverá ser entregue  aos sumos sacerdotes e aos mestres da lei.  Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo”. Aí está um dos anúncios da Paixão do Senhor.

Na mesma linha, ou seja, do anúncio do sofrimento, vai o texto de Jeremias.  O profeta Jeremias é figura de Jesus, de modo particular, em seu sofrimento: “Vinde para conspirarmos juntos contra Jeremias; um sacerdote não deixará morrer a lei; nem um sábio, um conselho;  nem um profeta, a palavra. Vinde para o atacarmos com a língua e não vamos prestar atenção a todas as suas palavras”.  Os que incomodam os aproveitadores da vida são eliminados da face da terra.

Mateus, no anúncio da paixão do Senhor feita pelo próprio Cristo, insere  o pedido da mãe dos  filhos de Zebedeu.  Como seus filhos eram discípulos desse  Jesus, que era tão procurado e tão exaltado, ela queria honras e lugares de honra para eles. O evangelista diz que ajoelhou-se diante de Jesus para fazer um pedido: “Manda que estes meus dois filhos se sentem no teu reino, um à tua direita e outro  à tua esquerda”.

E Jesus respondeu:  “Mulher, minhas entranhas estremecem nesse momento. Lá, no fundo, no horizonte de minha vida, vejo a sombra do sofrimento. E tu, mulher, me vens com esse pedido de honra e glória para teus filhos.  Eu tenho um cálice a beber. Será que teus filhos serão capazes de  beber o cálice que vou beber?”.

Os dois responderam afirmativamente.  Os outros apóstolos se irritaram com tanto audácia e vaidade dos dois filhos de Zebedeu.

Jesus, prevendo as sombras de que estavam se desenhando em seu universo, aproveita a ocasião para dar um ensinamento fundamental: honra tem aquele que serve. “Vós sabeis que os chefes das nações têm o poder sobre elas  e os grandes as oprimem. Entre vós não será assim. Quem quiser tornar-se grande  torne-se o vosso servidor; quem quiser ser o primeiro seja vosso servo”.

A Igreja existe para servir. As comunidades cristãs e de vida consagrada existem para servir. Os sacerdotes existem para servir. Os discípulos de Cristo existem para servir. Os esposos se servem mutuamente. Os filhos servem os pais e os pais servem os filhos. Os médicos, os  enfermeiros, os técnicos em informática,  os motoristas, os professores existem para servir.  A honra dos cristãos é  estarem sempre com uma bacia e uma toalha ao alcance das mãos.

“O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate em favor de muitos”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

#FicaAdica 67





Hoje, te faço a seguinte pergunta: o que você hoje tem apresentado a Deus, quais os pedidos que você tem feito e que de Deus tem ouvido apenas o silêncio?"

"Não te aflijas se não recebes imediatamente de Deus o que lhe pedes: pois Ele quer fazer-te um bem ainda maior por tua perseverança em permanecer com Ele na oração. Ele quer que nosso desejo seja provado na oração. Assim Ele nos prepara para receber aquilo que Ele está pronto a nos dar." (CIC)

Leitura Bíblica: Mateus 23, 1-12



Não basta a simples prática religiosa. Não é suficiente a realização de um programa mínimo de observâncias morais e litúrgicas. A fé exige muito, tudo. Requer todo empenho do corpo, do coração e da vida. Não podemos nos satisfazer com uma  religião de “tranquilidades piedosas”. O salmo nos lembra:  “Ao que procede retamente mostrarei a salvação que vem de Deus” (Sl 49(50),4).  Essa retidão é exigente.

Isaías faz suas exortações:
“Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal” . Um claro convite a uma mudança de comportamento. O ser humano faz a experiência do coração fissurado e dilacerado. Quando recebe a graça do arrependimento  precisa de uma purificação. A água, a lavação do corpo é sempre símbolo de uma  purificação interior. Lavar-se, purificar-se pelo arrependimento, pela reparação do pecado, sobretudo, pela ação de graças diante da misericórdia de Deus.

Nas linhas da leitura de hoje  encontramos uma das mais belas afirmações da Escritura a respeito da misericórdia do Senhor para com os pecadores;  “Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve.  Se forem vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como lã”.

“Aprendei a fazer o bem!”  Isaías exemplifica modos e maneira de realizar o bem: procurar o direito, corrigir o opressor, julgar a causa do órfão e defender a viúva. Estamos diante do obras de justiça e de atenção delicada para com as pessoas mais fragilizadas pela vida e deixadas de lado. O órfão e a viúva sempre foram tidos como pessoas merecedoras de  especial cuidado por parte dos corações retos.

Mateus, depois de relatar a postura religiosa falsa  dos mestres da lei e dos fariseus, com seu gosto pelos belos títulos e com sua sede prestígio, exorta os seus leitores e ouvintes de Jesus:
  • Que na terra não chamem a ninguém de pai, pois nosso único pai e aquele que está nos céus.
  • Que não sejam chamados de guia, porque Cristo é o único guia.
  • O maior é o que serve e quem se exalta será humilhado.

Trata-se, pois, de reagir a um formalismo. Nada de praticar por praticar.  Nada de viver de repetição monótona sem a dimensão da profundidade cristã.  Vivemos à luz fortíssima da fé num mundo novo em gestação.  Somos ativos construtores desse universo que é o Reino de Deus.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Leitura Bíblica: Lucas 9, 28-36



O segundo domingo da Quaresma somos convidados a subir a montanha com Pedro, Tiago e João e a contemplar o rosto iluminado do Senhor Jesus. Os apóstolos fizeram uma experiência única que nunca haveriam de esquecer: experiência de luminosidade que apontava para a claridade da ressurreição do  Senhor.  Hoje é o domingo da Transfiguração. Mas, atenção ainda não é páscoa. O que se tornara claridade na montanha ainda atravessarias as trevas da paixão e da morte.

O relato da transfiguração proclamado na liturgia deste domingo é de Lucas.  A experiência da claridade de Deus em Jesus se passa num contexto de oração.  “Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João e subiu à montanha para rezar”.  Jesus entra em contato íntimo com o Pai.  Deixa-se possuir inteiramente pelo olhar do Pai. E a intimidade é tão forte que, naquele momento, aparece no rosto de Jesus  a sua mais íntima identidade:  ele é a luz que nasce da luz.  Ele é  Deus de Deus, luz da luz.  “Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante”.

Lucas, no capítulo nove de seu texto, faz Jesus começar sua caminhada para Jerusalém, palco final e definitivo de sua missão e vida.   No momento  da luminosidade  “dois homens estavam conversando com  Jesus: eram Moisés e Elias”.  Lucas afirma:  “Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer  em Jerusalém”. Misturam-se luz e sombra. Há claridade ofuscante e a sombra da morte.  Pedro e seus companheiros estão com sono.  De repente, acordam e fazem a experiência da glória de Deus.  Parece que o céu tinha descido  sobre a terra. Luz, glória, presença do céu na terra!

Pedro deseja perpetuar aquele momento.  Propõe que sejam  fincadas tendas para que o céu não deixe a terra!  Os apóstolos entram na nuvem de Deus, na “nuvem” da presença do Altíssimo. Têm medo. Há um espanto.  Nunca esquecerão esse momento. Quando nos aproximamos do Deus vivo temos que tirar as sandálias dos pés e pedir que um anjo nos purifique os lábios com uma brasa ardente.  No meio de toda essa experiência há uma voz que vem do alto:  “Este é o meu Filho, o escolhido.  Escutai o que ele diz!”  Somos cidadãos do mundo da claridade quando nos dispomos a escutar o Filho amado do Pai.  Paulo escreve aos filipenses: “Nós somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso salvador, o Senhor Jesus Cristo.  Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso  com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas”.

Esse  Jesus que tem o corpo transfigurado transfigurará nosso corpo, nosso irmão  corpo, por meio do qual encontramos a Deus e os irmãos. Esse corpo que  não está fadado à destruição mas à glorificação. Os que participam do mistério pascal de Cristo, os que descem às trevas do túmulo e sobem ressuscitados com Cristo somos pessoas transfiguradas.

Frei Almir Ribeiro Guimarães