domingo, 7 de outubro de 2012

Coragem: não tenhais medo


Que bela exortação, que belo consolo, que injeção de ânimo, o evangelho: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”. Como nas nossas origens, vamos nos tornando cada vez mais um pequenino rebanho; o Senhor nos vai purificando, vai fazendo sua Igreja, a gosto ou a contragosto, perceber que ela está no mundo, mas é diferente do mundo: seu modo de pensar, de viver, de avaliar, de agir não pode ser aquele do mundo.

Efetivamente, vamos nos sentindo cada vez menos compreendidos e menos à vontade na bem-pensante sociedade atual. Somos, enfim, um pequenino rebanho; e a nós o Senhor diz: “Não tenhais medo, pequenino rebanho!” O Pai nos quis dar o Reino – e o Reino é o próprio Jesus, que nos envolve de vida e nos ilumina com seu santo Evangelho! Não tenhais medo!

E, então, Jesus nos exorta: “Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Que palavras belíssimas: O Senhor nos convida à coragem de “vender” a vida, “vender” nossos bens – isto é, relativizar tudo – para fazer de Deus o nosso único absoluto!

Na verdade, Jesus nos convida a esperar de verdade a vida eterna, esperar de verdade que um dia estaremos todos em Deus por meio de Jesus Cristo! O que Jesus hoje os pede é a coragem de viver no mundo, mas sem ser do mundo, sem meter o nariz nesse mundo de modo a perder Deus de vista! Afinal, é tão fácil absolutizar o relativo!

Ah, irmão! Tenhamos – você e eu –
a coragem de colocar realmente o tesouro de nossa vida ali, onde a traça não corrói! A vida é preciosa demais para perdê-la com bobagens! Mas, somente veremos isto se estivermos vigilantes, se na união profunda com Jesus pela oração, pela escuta de sua santa Palavra, pela fiel participação nos sacramentos, mantivermos a saudade das coisas do céu.

Aliás, este é uma das carências da Igreja atual: ter quem nos fale do céu, que nos faça sentir desejo do céu, saudade do céu! Uma Igreja que não saiba desejar, sonhar e se encantar com o céu que o Senhor nos prepara, perderá de vista o mais profundo de sua missão, errará o foco e tomará por absoluto o que é apenas relativo – mesmo que seja coisa importante. Coisas importantes com que se preocupar, a Igreja as tem; coisa essencial, somente Jesus, nosso céu, o céu que o Pai nos deu! E – como recordou Bento XVI no Brasil: “esta saudade do céu, esta sede de Deus não é uma alienação, uma fuga da realidade, mas um ver a realidade com os olhos de Deus e, assim, ver realmente, com realismo!”

Por tudo isto, não temais, pequenino rebanho: o Pai vos espera; dar-vos-á o seu Reino. Vale a pena sofrer e suportar contradições nesta vida; vale a pena caminhar com o Senhor, como parte do seu rebanho, que é a Mãe católica! Como dizia São Bernardo de Claraval: “nossa vida neste mundo é semente de eternidade!”

Dom Henrique Soares da Costa

#FicaAdica 39




Às vezes você se pergunta: por que ando tão nervoso?

Calma não se improvisa! É decisão exercitada! É também resultado de uma série de pequenas decisões que a gente toma, e, aos poucos, acaba assimilando um modo de ser que nos dê força e serenidade para enfrentar o que nos tira do sério! Reveja o que você anda decidindo! Tenha coragem!

Outra dica é compartilhar o que você sente e o tira do sério! Falando com alguém nos tornamos mais responsáveis por nosso crescimento!

Outra dica??? Faça silêncio! Tem sujo que o silêncio sabe limpar!


Ricardo Sá

Leitura Bíblica: Marcos 10, 2-16


“O que Deus uniu o homem não separe!” (Mc 10,2-9)

O autor do Gênesis, na leitura deste domingo, nos fala da criação do primeiro casal  humano. O olhar do Senhor pousa sobre  Adão.  Ele perambulava pelas  alamedas do Paraíso  com o olhar perdido… Deus reconhece:  “Não é bom que o homem esteja só.  Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele”.

Há um desfile de animais diante do homem.  Adão dá nome a cada um desses animais domésticos, aves e animais selvagens.  E ele não encontrou uma auxiliar semelhante  a ele.

Arma-se um cenário.  Deus faz cair um sono profundo  sobre Adão. Quando este tinha adormecido  Deus  “tirou-lhe  uma das costelas e fechou o lugar com carne”.  Da costela tirada o Senhor formou a mulher.

“Agora sim, osso de meus ossos e carne da minha carne”. 

Homem e mulher, iguais e diferentes, parecidos e diversos.  Os dois se sentem atraídos. Autônomos, é  verdade, mas feitos um bom para o outro. Há essa peregrinação ardorosa do masculino  para o feminino.  Os dois se unem, são companheiros, formam uma só realidade.

Homem e mulher deixam  sua parentela, sua família e constituem uma nova realidade.

Jesus vai valorizar este texto do Gênesis.  Insistirá na indissolubilidade.

Bela e misteriosa a realidade do casamento.  Ele e ela se escolhem. Juntam suas histórias e seus destinos. Vão ganhando tirocínio na construção de uma vida a dois no diálogo, na prestação de serviços, na entrega amorosa dos corpos e dos corações, nas coisas de todos os dias, no projeto da prole que querem ter.  Livremente  fazem uma promessa de entrega.  Dizem um sim com repercussão ao longo de todo o tempo de sua vida. Os dois se sentem profundamente vinculados e constroem uma vida de fidelidade:  fidelidade da mente, do coração e dos corpos.  E projetam sua promessa pelo tempo todo da vida… tempo de colocar filhos no mundo, tempo de vê-los crescer e ganhar asas fortes para poderem voar, tempo de perdoar as falhas um do outro, tempo de rir e de chorar, mas sempre um ao lado do outro.

E os dois passam a ser um sinal concretíssimo do amor de Cristo pela  Igreja. O esposo  Jesus, suspenso entre o céu e a terra,  dá a vida pelos seus como um esposo amante.  Marido e mulher  vivem esse enlace amoroso do  Cristo em sua carne, em seus corações, na família que constituem.

Não é bom que o homem viva só.

Frei Almir Ribeiro Guimarães