Sidrac, Misac
e Abdênago não se dobraram às determinações de Nabucodonosor. Recusaram adorar
os deuses do rei. Este, então, os ameaçou: “E agora quando ouvirdes tocar
a trombeta, flauta, cítara, harpa, saltério e gaitas, e toda espécie de
instrumentos, estais prontos a prostrar-vos e adorar a estátua que mandei
fazer? Mas, se não fizerdes a adoração, no mesmo instante sereis atirados na
fornalha de fogo ardente; e qual é o deus que poderá libertar-vos de minhas
mãos?” Os jovens se recusaram e foram lançados na fornalha ardente.
Maravilhosamente, as chamas não queimaram os jovens e havia uma quarta
pessoa que parecia um filho de Deus circulando entre as labaredas. Deus
se fez presente no meio das chamas e foi libertador e providência dos valentes
jovens, corajosos e cheios de fé.
“A proteção de
Deus não é sempre visivelmente maravilhosa e magnifica como na história
dos três jovens. Mas é necessário dar tempo ao desígnio de Deus, a fim de
poder vê-lo em seu conjunto, quer com relação a nós pessoalmente, quer na vida
da Igreja. Então, aquilo que parecia casual, repetitivo, falho, provisório,
assume seu posto e seu valor. Então, também de nossos corações pode prorromper,
sincero e festivo, o cântico de louvor a Deus. Ele já estava presente, já agia
e nos libertava, quando parecia inexistente, insignificante. Às vezes,
Deus “manda seu anjo”, ou seja, faz perceber exteriormente sua
intervenção, mas sempre e em toda parte os acontecimentos, em seu impulso
fundamental, procedem dele e a ele conduzem por caminhos
misteriosos. Esta foi a fé dos três jovens e de todos os mártires.
Esta deve ser a nossa fé” (Missal
Cotidiano da Paulus, p. 301).
A coragem dos
mártires, a audácia de viver a fé cristã: como isso é importante neste tempo de
incertezas. É mérito de cada pessoa, mas antes de tudo, é resultado de uma ação
providencial do Senhor a fidelidade aos desígnios do Senhor no meio das
tribulações. No coração de nossa vida, depois de termos atravessado vales difíceis
e escalado altas montanhas sentimos que houve uma presença que nos tornou
fortes para os embates e combates. Nem sempre distinguimos essa presença, mas
temos certeza de que, no meio das labaredas da vida, “um anjo” esteve presente
ao longo de nossa vida.
Frei Almir Ribeiro Guimarães