domingo, 4 de novembro de 2012
Solenidade de todos os Santos e Santas
Novembro, mês dos finados e tempo de pensar nos santos da glória. Desde a nossa mais tenra infância quando chegava novembro os jardins e parques ficavam cheios de agapantos azuis e brancos. Finados e todos os santos: duas comemorações entrelaças enfeitadas pelos esguios agapantos.
Quando se fala em santos lembramo-nos da imagens de gesso ou de madeira representando Antônio de Pádua, Rita de Cássia ou Teresa de Lisieux. Quando crianças gostávamos de contemplar todas essas imagens e também suas representações nos vitrais. As imagens nos lembram que muitos de nossos irmãos na fé estão hoje na glória dos céus. Eles nos precedem. À frente desse cortejo está uma mulher que foi santificada desde o momento de seu nascimento chamada Maria, aquela que deveria trazer em seio o Santo. Ela é a rainha dos santos e anjos e Senhora da Glória.
Os cristãos são santificados pela sua participação na paixão, morte e ressurreição do Senhor. O santo não é um “halterofilista” da fé. O cristão é alguém que se tornou santo nas águas do batismo e que foi fazendo lugar em si para a ação do amor de Deus. Os santos, com efeito, são obras de arte do amor de Deus. Na medida em que pessoas e comunidades esvaziam-se de si, não se colocam com centro de tudo mas se abrem a Deus, começa a obra de arte que as mãos do Senhor executa. A santidade é dom de Deus acolhido pelos corações pobres, por aqueles que são sedentos de Deus, desejosos de Deus, aqueles que choram por não corresponderem ainda ao amor de Deus, que são mansos e misericordiosos, que sofrem perseguição por causa de seu testemunho de vida.
Há esses santos que se retiraram das cidades e viveram no deserto e na contemplação. Outros se casaram. Procuraram colocar-se como marido e mulher diante de Deus, acolhendo os filhos, trabalhando, lutando, na fidelidade de todos os momentos, carregando as cruzes inerentes à vida. Há essas mães de moços que morreram na guerra e de filhos e filhas que terminam os dias com overdose de drogas. Mães que sofreram baixinho e que souberam unir seus sofrimentos à paixão e morte de Cristo. Há esses que deram a vida por um inocente e outros que morreram para não negar a fé. Há esses bispos que assumiram efetivamente a missão de serem pastores e guias do povo, noite e dia, sempre. Há essas pessoas que a vida toda cuidaram de uma capela, na simplicidade e na fidelidade. Há esses homens de mãos rudes que não foram acolhidos de coração por suas esposas, que eram tratados de imprestáveis. Há essas pessoas que foram para as praças do mundo, na Bahia ou em Calcutá para cuidar dos mais abandonados.
Hoje comemoramos esses e essas que passaram pelo mundo com os olhos na Beleza, na Bondade e no Amor. Gente de carne e osso, com seu entusiasmo, mas também com seu pecado. Gente que precisou cantar dolentemente o Miserere como Agostinho de Hipona ou Margarida de Cortona. Pessoas que foram lavadas no sangue do Cordeiro e que hoje participam do banquete da eternidade, que alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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