terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Momento do deserto

Estava lendo um trecho do Livro “A Profecia do Avivamento”, de Padre Roger Luís, que fala um pouco sobre o momento do deserto, um tempo vivido por quase todas as pessoas que já tiveram a experiência inicial com Deus, conduzidas pelo poder do Espírito Santo, mas que, de repente, sentiram a ausência daquele fogo inicial.

Esse é o momento em que somos provados, como apontado no Livro do Eclesiástico, que diz assim: “Filho, se te apresentares para servir a Deus, permanece na justiça e no temor e prepara a tua alma para a provação. Mantém o teu coração firme e sê constante, inclina teu ouvido e acolhe as palavras inteligentes, e não te afobes no tempo da contrariedade. Suporta as demoras de Deus, agarra-te a Ele e não o largues, para que sejas sábio em teus caminhos. Tudo o que acontecer, aceita-o, e sê constante na dor; na tua humilhação tem paciência, pois é no fogo que o ouro e a prata são provados e, no cadinho da humilhação, os que são agradáveis a Deus. Crê em Deus, e Ele cuidará de ti; espera nele, e dirigirá os teus caminhos; conserva o teu temor e nele permanece até à velhice” (Eclo 2,1-6).

Padre Roger Luís assim escreve: “Muitos se questionam sobre este tempo de provação, pois imaginam que continuarão sentindo o entusiasmo inicial a vida toda, mas começam a perceber que lhes foi tirado aquele gozo, e chega, então, o tempo do esforço, o tempo da disciplina, o tempo de buscar o Senhor sem senti-lo. Porquanto, é justamente nesta hora que urge a certeza de que estar com Ele é essencial para a vida espiritual, para o caminho de santidade. Se não tivermos essa consciência da via espiritual, corremos o risco de jogar tudo para o alto, de abandonarmos o caminho do Senhor, de desistirmos da obra de Deus na nossa vida. Você conhece alguém que teve uma linda experiência de conversão e depois de um tempo abandonou tudo e voltou para a vida velha? Jesus alerta sobre isso no Evangelho: ‘Quando o espírito impuro sai de alguém, fica vagando por lugares áridos, à procura de repouso, e não encontra. Então diz: ‘vou voltar para a minha casa de onde eu saí’. Quando chega, ele a encontra desocupada, varrida e arrumada. Então, ele vai e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele, que entram e se instalam aí. No fim, o estado dessa pessoa fica pior do que antes. Assim acontecerá também a esta geração má’ (Mt 12,43-45).

Por que isso acontece? Essa pessoa deixou o projeto de santidade por causa das dificuldades, da ausência de entusiasmo, do tempo da prova, da purificação. Não orou mais, não buscou a confissão, deixou de frequentar o grupo de oração, a pastoral, o movimento do qual participava, não adorava mais, deixou de ir até à missa dominical, não manteve a intimidade e o relacionamento com Deus, com o Espírito Santo.”

Portanto, meus irmãos, peçamos a Deus que nos ilumine, para que perseveremos na fé. Que mesmo sem sentir, acreditemos que Deus está conosco; acreditemos que o Espírito Santo, dado a nós por ocasião do nosso Batismo, está trabalhando na nossa vida e que a ação do inimigo não será capaz de transpor os muros que, por meio da nossa fé, estão sendo erguidos em torno do caminho a ser por nós trilhado ruma à Santidade.

“Mantém o teu coração firme e sê constante” (Eclesiástico)

A história da Santa protetora dos olhos

Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.

Luzia pertencia a uma rica família de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.

Entretanto quem não se conformou foi o ex-noivo. Cancelado o casamento, foi denunciar Luzia como cristã ao governador romano. Era o período da perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano; assim, a jovem foi levada a julgamento. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição. Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304.


Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.

Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.

Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.
 
 "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade" (Santa Luzia)

Aqui em Carnaúba dos Dantas, o dia de Santa Luzia é celebrado no Bairro Dom José Adelino Dantas - Monte do Galo - com a participação de fiéis da comunidade e romeiros de diversas cidades do nosso Estado e do vizinho Estado da Paraíba.   

Resistir ao pecado até o fim

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) traz a seguinte definição acerca do pecado: “É uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana" (§1849). O CIC também fala que “ninguém escapa à experiência do sofrimento, dos males existentes na natureza que aparecem ligados às limitações próprias das criaturas e, sobretudo, à questão do mal moral”. Diante de tais definições, dá para entender porque nos sentimos tão inquietos quando o assunto é “pecado”.
Cada dia mais, vemos as pessoas entrando numa crise existencial. São casais que não se entendem, são filhos que não têm qualquer referência de família, são governantes sem nenhuma ética. Infelizmente, para uma grande maioria, o que vale é o momento atual; pecado é coisa inventada pela religião para manter os seus seguidores “no cabresto”, é coisa ultrapassada. Vemos a nossa volta o resultado dessas mudanças no pensamento dos homens. O núcleo familiar se desestruturando, o índice de depressão aumentando, os suicídios se multiplicando, o número de políticos envolvidos em escândalos já nem nos causa mais surpresa... Ou você não vê para onde a sociedade está caminhando? E o que nos causa tristeza é que no meio disso tudo estão pessoas que se dizem “cristãs”.

Deus deu o livre arbítrio ao homem para que ele optasse pelo certo ou pelo errado (pecado). Na Sua Palavra, vemos alguns exemplos de pessoas que não conseguiram resistir ao pecado, sendo o mais notável deles a mulher que não resistiu à serpente, dando brechas para ele (o pecado) entrar no mundo (Gn 3,1-7). A serpente serve aqui de máscara para um ser hostil a Deus e inimigo do homem. Outro exemplo é o de Davi, que não resistiu à concupiscência dos olhos e cometeu adultério (2Sm 11,1-4). Também Judas não resistiu ao diabo e traiu o Senhor (Lc 22,3-6); com a traição, veio o suicídio e outro tomou o seu encargo (At 1,15-26). 

Da mesma forma que a Palavra nos mostra exemplos de pessoas que não souberam resistir ao pecado, também nos apresenta aquelas que confiaram em Deus até o fim. José resistiu à mulher de Putifar, não obstante a atrevida insistência dela na realização do adultério (Gn 39,1-23). Jó resistiu aos seus infortúnios (Jó 1,22; 2,10; 19,25), não obstante a opulência anterior, não obstante a descarga impiedosa de desgraças que caiu sobre ele, não obstante o desânimo atroz da esposa. Jesus resistiu ao diabo (Mt 4,1-11) e a Pedro (Mt 16,22-23), não obstante a fome gerada por um jejum de quarenta dias, não obstante a ousadia de satanás, não obstante a sutileza das tentações.

Nos dias atuais, como em outros tempos, lutar contra o pecado é uma batalha difícil de ser conquistada, pois ao nosso redor estão as marcas dele a nos atrair, não só no que diz respeito ao sexo, a libertinagem, às drogas, mas a tudo aquilo que nos torna excessivamente competitivos no mundo. Tudo nos leva a um desejo momentâneo, a sentimentos egoístas. Mas se verdadeiramente estivermos dispostos a entrar em comunhão com Deus, essa luta pode ser vencida. Voltar atrás não dá mais; não temos como apagar os passos que já foram dados. Mas temos como dar passos num caminho de conversão que nos levará a Deus, passos esses que foram dados por Davi, após ser conduzido pelo profeta Natã ao arrependimento. O rei não somente confessou seu pecado, como também escreveu um salmo, o salmo 51, admitindo francamente sua falta e expressando a angústia que advém da perda da comunhão com Deus.

“Preocupas-te se a árvore de tua vida tem galhos apodrecidos? Não percas tempo; cuida bem da raiz e não terás de andar pelos galhos” (Santo Agostinho). A principal arma à nossa disposição para vencermos a luta é a ORAÇÃO, porque, mais do que qualquer outra arma, nos auxilia a descobrir os enganos: “Em todas estas coisas roga ao Altíssimo, para que Ele guie teus passos na verdade” (Eclo 37,19). De posse dessa armadura espiritual, qualquer membro do Corpo de Cristo, que somos nós, pode resistir no dia mau e dele sair são e salvo. 

Orar e vigiar. Essa deve ser a nossa convicção. Que possamos tomar posse dessa verdade e que, ao menor sinal de que a tentação está se insinuando em nossa vida, lembremos de que não nascemos para o pecado. Diante da decisão entre pecar ou não, façamos a seguinte pergunta: ”o que é mais importante para mim, o prazer repentino, ou a felicidade eterna?”
Que peçamos a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa mãe, para que ela interceda por nós que somos chamados a viver a experiência da salvação. E que o Espírito Santo nos conduza no caminho certo, pois só Ele pode nos habilitar a viver neste mundo sem sermos mundanos. 

“Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 24,13). A resistência ao pecado nos levará à glória do Pai. É promessa de Deus para nós!