quarta-feira, 27 de março de 2013

#FicaAdica 74




Um dos grandes trabalhos da existência é justamente este: refazer, recomeçar, reformar… ou até mesmo começar tudo outra vez! Trabalho intenso de saber quem somos, de decifrar um enigma, de se estruturar uma consciência mais ampla, mais forte, mais capaz de decidir sem os chicotes da culpa. E essa tarefa é pra vida inteira, pois é na dinamicidade da própria vida que vamos nos fazendo, nos construindo, nos impulsionando.
O hoje é esse tempo mágico que nos permite refazer tarefas, apagar escritos, escrever novas histórias… E no caderno da própria vida vamos escrevendo paginas e mais páginas, aperfeiçoando as experiências, crescendo nas relações interpessoais. Se ontem me depararei com portas fechas, hoje posso encontrar uma maneira de abri-las; se ontem não me doei ao máximo, hoje posso amar ainda mais e ser ainda mais feliz…
Frei Paulo Sérgio, ofm


Quarta-Feira Santa: Isaías 50, 4-9; Mateus 26, 14-25



Jesus fez o que tinha que fazer. Andou pelos caminhos da terra dos homens. Olhou nos olhos de pescadores e fez deles missionários.  Subiu ao monte e ensinou as bem-aventuranças dos pobres  e  dos mansos. Desdobrou o programa de um mundo de irmãos, de fraternidade, de harmonia, de serviço, de acolhida das diferenças, de êxtase diante do Pai.  Acercou-se dos  mais abandonados. Observou a limpidez do coração de uma mulher que colocava  no cofre tudo o que tinha. Olhou nos olhos de Levi e Zaqueu e tentou atingir a liberdades desses homens que queria perto dele. Pediu que as pessoas que ouviam se convertessem e acreditassem que um  mundo novo, o  Reino de Deus, estava em gestação com sua fala, seus gesto e agora com sua paixão e morte.

Isaías,  na primeira leitura desta quarta-feira santa,  fala das coisas do passado,  mas ouvimos  nas considerações do profeta  a voz de Cristo: “O  Senhor  abriu-me os ouvidos;  não lhe resisti,  nem voltei atrás.  Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba;  não desviei os rosto dos bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu auxiliador,  por isso não me deixei abater  o ânimo, conservei o rosto impassível como  pedra, porque sei que não sairei  humilhado”.

Jesus fez o que tinha que fazer.  Mais não era possível. O horizonte se torna escuro e não há mais saída.  Os  fiéis discípulos do  Senhor  se preparam para estar com o Mestre e, nesta quarta-feira santa, contemplam a fragilidade de  Judas. O Iscariotes resolve entregar o Mestre em troca de trinta moedas de prata. Depois de acertar  o preço da venda  Judas procurava um  modo de entregar o Mestre que, com sua fragilidade, o decepcionara.

“Ao cair da tarde,  Jesus pôs-se  à mesa  com os doze discípulos. Enquanto comiam, Jesus disse:  ‘Em verdade vos digo, um de vós vai me trair’. Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: ‘Senhor, será que sou eu?’ (…) Então Judas, o traidor, perguntou:  ‘Mestre, serei eu?’ Jesus lhe respondeu: ‘Tu o dizes’”.

O mais belo dos filhos dos homens traído por um daqueles que estavam  sentados à mesa, em sua intimidade.

Frei Almir Ribeiro Guimarães