“Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel,
vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. Tu ficarás alegre e feliz, e
muita gente se alegrará com o nascimento do menino, porque ele vai ser grande
diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre
materno, ficará repleto do Espírito Santo”
Neste Evangelho, nós temos outra “anunciação”. O mensageiro divino manifesta ao
sacerdote Zacarias, junto do altar, que lhe seria dado um filho em plena
velhice. Entre os traços desse menino, diz ele será “cheio do Espírito Santo”.
Como em toda vida humana, o nascimento de João corresponde a uma vocação
necessária. Deus “precisa” de alguém que prepare o povo para a vinda do
Messias. João foi o escolhido. Mas o esforço humano, habilidades e dedicação
são insuficientes para o cumprimento de nossa missão. Por isso mesmo, o menino
será dotado da plenitude do Espírito de Deus. É com tal dinamismo que ele
exercerá o seu papel na história dos homens.
A mesma expressão aparecerá após Pentecostes, em situações registradas nos Atos
dos Apóstolos, seja na vida de Pedro (At 4,8), de Estevão (At 7,55), de Paulo
(At 9,17; 13,9), de Barnabé (At 11,24) ou dos discípulos em geral (At 2,4;
4,31; 6,3; 13,52). A cooperação entre o Espírito e a Igreja (cf. At 9,31) é que
permitirá a expansão do Evangelho e o crescimento da Igreja de Cristo. A Igreja
primitiva tinha a consciência muito clara de que não realizava uma tarefa
humana, mas agia impelida pelo Espírito de Deus, sem o qual se veria incapaz
para a missão.
São Paulo insiste nessa evidência: “Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas
segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém
não possui o Espírito de Cristo, este não é dele.” (Rm 8,9.) Nem mesmo a oração
– que pareceria tarefa bem fácil – levaremos adiante sem a mesma sustentação:
“Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza, porque não sabemos o
que devemos pedir nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós
com gemidos inefáveis. E Aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o
Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus.” (Rm 8,26-27.)
Em nossos tempos, é comum o engano de iniciar projetos – mesmo dentro da Igreja
– quando se conta apenas com as forças e recursos humanos. Como resultado,
muita agitação, muito cansaço, muitos fracassos. Os santos, ao contrário, mesmo
sem dinheiro e sem o apoio dos poderosos, ergueram obras admiráveis para servir
em especial aos pequeninos deste mundo. E nós? Com quem estamos contando para
cumprir a nossa missão? Abrimo-nos à ação do Espírito em nossas vidas?
Orai sem cessar: “Vinde, Espírito Santo!”
Antônio
Carlos Santini, Comunidade Católica Nova Aliança