segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

#FicaAdica 53



A paz (shalom) é um dom de Deus, mas é preciso desejá-la, buscá-la, estar numa busca intensa de pacificação. A paz começa dentro de nós quando abrimos nossa mente e coração para que ela faça parte de nós. Somente depois, poderemos anunciá-la às pessoas, principalmente através de nosso testemunho. A paz tem um poder imenso de curar nossas feridas interiores, de nos proporcionar um jeito novo e diferente de viver neste planeta.

A paz não significa conformismo com as situações do mundo, mas ela nos impele a uma vida de justiça, solidariedade e fraternidade. A paz é fruto do respeito, da capacidade acolher o diferente, de buscar o diálogo e viver o ecumenismo. A paz nos impele a anunciar o amor de Deus como cura para as guerras, para os conflitos, para a agressividade. Temos que criar uma cultura de paz para restaurar a criação segundo o plano de Deus.

Frei Paulo Sérgio, ofm

Leitura Bíblica: Isaías 35,1-10


A proximidade do Natal produz efeitos: o recolhimento expectante acaba por extravasar e o roxo dos paramentos será trocado pelo róseo no próximo domingo. Algo assim como a fímbria das montanhas que se vai tornando rosada pela aurora que se avizinha. É o domingo “Gaudete”: um imperativo latino que se traduz por alegrai-vos! Rejubilai-vos!

Não a alegria mundana, barulhenta, a alacridade das maritacas no coqueiro. Não a algazarra artificial produzida à custa de álcool e de drogas. Mas o “gáudio”, o “gozo”, a “letícia” íntima e profunda que só o Deus da vida pode dar. Ainda que, invadidos pela alegria, nós nos descontrolemos a ponto de “saltar, gritar e dançar” (Is 35,2)...

Eis o comentário de Urs von Balthasar: “Isaías descreve a transformação do deserto em região fértil com a vinda de Deus. “Vede! Eis o vosso Deus!” O deserto é o mundo que Deus ainda não visitou, mas agora Deus está vindo. O homem é cego, surdo, coxo, mudo, quando Deus ainda não o visitou, mas agora os sentidos se abrem e os membros se soltam”.

E a visita de Deus realiza uma libertação sem limites: “Os ídolos que eram adorados em lugar do Deus vivo, também eles eram como o descrevem os Salmos e os livros sapienciais: cegos, surdos, coxos e mudos, e seus adoradores a eles se assemelhavam. Estes se haviam desviado do Deus vivo, mas agora “regressam os redimidos de Yahweh” (v. 9): eles estão libertados da morte espiritual e renascem para a verdadeira vida”.

Por que a cidade permanece tão triste? Por que o planeta dos homens ainda “geme como em dores do parto”? (Cf. Rm 8,22) Por que ainda cavam cisternas que não podem reter a água, enquanto a fonte das águas vivas permanece todo tempo à sua disposição?

Com o Natal tão próximo, voltemo-nos para a fonte da alegria. O pequeno presépio – o boi e o burro são testemunhas! – nos ensina que a alegria é simples. Tão simples como um recém-nascido nos braços de sua mãe. Mas a luz que dele se irradia afasta toda treva e anuncia que Deus se compadeceu de seu povo e vem inaugurar uma era nova de paz para todos os homens.

É esta a nossa alegria?

Orai sem cessar: “Em vós, Senhor, eu estremeço de alegria!” (Sl 9,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.