sábado, 15 de setembro de 2012

O que é mais importante: silenciar ou falar?


“Há quem, estando calado, seja tido por sábio, como se torna odioso quem é descomedido no falar” (Eclo 20,5).

A sabedoria nos ensina que precisamos saber a hora de falar e de calar.

Uma palavra certa, na hora certa, é um bálsamo para o coração, mas uma palavra errada pode causar grande estrago. Somente o Espírito Santo de Deus pode nos dar equilíbrio no falar e no silenciar.

Vamos ficar atentos às nossas inclinações, porque geralmente falamos muito e, em alguns momentos, até o que não devemos. Tomemos por modelo, para a nossa vida, a Virgem Maria, que está sempre pronta a escutar, e, ao fazê-lo bem, oferece respostas precisas e essenciais.

“Eu resolvi: ‘Vou controlar meus caminhos para não pecar com a língua; vou pôr um freio à minha boa, enquanto o malvado estiver à minha frente’” (Sl 39,2)


Jesus, eu confio em Vós!



 Do Livro “Comece Bem o Seu Dia”, Luzia Santiago

Dia de Nossa Senhora das Dores – Leitura Bíblica: Lucas 2, 33-35


“Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lc 2,35b)

Os fiéis de todos os tempos veneram com carinho a Senhora das Dores perpetuada na  belíssima escultura da Pietà de Michelangelo. Ao pé da cruz ela é ao mesmo tempo a Senhora das dores e aquela que, com o Filho, entrega-se ao Pai na confiança.

Maria das Dores nos lembra tantas outras Marias que andam à nossa volta:  Maria José, Maria Clara, Maria da Penha.  Todas elas marcadas por dores doloridas e doídas.   Há a Maria que tem um filho na prisão.  Todas a semanas ela se dirige à cadeia para ver o filho, rezar meia dúzia de rezas e levar-lhe um bife à milanesa e  um pedaço de torta de limão ou de maracujá.  Cada vez que ela volta para casa  reza com confiança os  mistérios dolorosos do terço de Nossa Senhora.  Há a Maria mulher de um marido quase irresponsável, fraco, homem sem fibra.  Há essa Maria  que vai sozinha à missa, lamentando a ausência do marido e dos filhos que a classificam de beata e nunca mais se interessaram pelo evangelho.

Quando começou a se urdir o  drama do Calvário talvez Maria estivesse em Nazaré. Como era o tempo da Páscoa vem com parentas e amigas à capital religiosa de seu povo.  Passa, então, a acompanhar os últimos momentos da trajetória de Jesus. Está ao pé da cruz, como um soldado de prontidão. Tem o vento da planície a afagar-lhe o rosto. Aos poucos todos, diante do “fracasso” de Jesus, começam a se retirar… Ela e o discípulo permanecem no quadro da suprema realização da redenção.  Segundo João, Jesus lhe dá como filho à Mãe e a João, a Maria, como Mãe… Maria tem as mãos apoiadas no madeiro da cruz, cravando na cruz suas unhas.  Ouve o filho rezar o salmo: “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?”.  Faz-se uma única oferenda com a oferenda do seu Menino das Palhas.  Depois que o Filho expira  entra no  mistério do silencio,  sem revolta, silêncio misterioso.  Dizer o que? Para que?   Pode-se imaginar que, depois que o Filho foi descido da cruz, tenha sido colocado em seu regaço.  Ela como que tenta aquecer o corpo gélido daquele que ela havia enrolado em paninhos quentes…  Maria poderia fazer suas as palavras da Escritura antiga:  “Ó vós que passais pelo caminho, vede se há  dor igual à minha dor”.  Talvez naqueles momentos finais ela se tenha lembrado das palavras do velho Simeão:  “Teu coração será traspassado por uma espada de dor”.  Maria, a  sublime e grandiosa  Senhora das Dores.


Frei Almir Ribeiro Guimarães