domingo, 30 de setembro de 2012

Trazer nossos amigos para Deus com amor


"Meu filho, faze o que fazes com doçura, e mais do que a estima dos homens, ganharás o afeto deles. Quanto mais fores elevado, mais te humilharás em tudo, e perante Deus encontrarás misericórdia, porque só a Deus pertence a onipotência, e é pelos humildes que ele é verdadeiramente honrado." (Eclesiástico 3,19-21)

O interessante é que o homem sábio não quer apenas ser feliz, mas fazer o outro feliz. A sabedoria contagia se se apresenta com doçura. Se você fizer as coisas com doçura as pessoas vão amá-lo profundamente, pois você as terá conquistado.

Jesus quer que você experimente da doçura d'Ele. Dom Bosco diz que o jovem não precisa simplesmente saber que é amado, ele precisa de gestos concretos de amor. Eu e minha esposa temos o costume de, todos os dias, demonstrar amor um pelo outro e por nossos filhos. Existem coisas que são extremamente doces neste mundo, uma delas é o nosso nome. Como é bom quando alguém se lembra da gente, quando não só nos admira, mas nos ama.

Não trazemos as pessoas para Deus através da exortação, mas através de gestos concretos de amor. Só o amor cura, só o amor transforma, só o amor convence. É ele que nos leva a ultrapassar os nossos limites.

"Nada pela força, tudo pelo amor!" dizia São Francisco de Sales. Nisto está o verdadeiro poder. Eu estou lhe dando o caminho das pedras para que você encontre Jesus. Precisamos determinar isso em nossas vidas: não é pela força, e sim, pelo amor.

Quando a gente se coloca a serviço de alguém, este entende que o que estamos lhe dando é o amor. As coisas simples é que fazem diferença, gestos pequenos de carinho. Às vezes, o que os seus familiares mais querem de você é a sua atenção. O que você pode fazer é se colocar ao alcance das pessoas. Se você quiser atingi-los, deve antes descobrir o que eles estão precisando. Não existe amizade sem compromisso.

Você já deve ter tido a oportunidade de ter sido colocado numa roda em que o acusaram. É difícil quando as pessoas, que consideramos como amigas, participam de tal acusação. Isto dói no mais profundo da alma. O que mais me impressiona na passagem que conta o encontro da mulher pecadora com Jesus (cf. João 8,1-11) é a maneira doce com a qual Nosso Senhor a trata. Ele não lançou nenhum olhar de acusação, nem para mulher nem para as pessoas que armaram aquela emboscada. Ele faz um desafio. Não foi Jesus quem os acusou, foram suas consciências. O Senhor prestou àquela mulher o maior serviço que alguém poderia prestar: Ele salvou a vida dela.

Jesus conversa com ela, e fazê-lo, Ele a compreende. Não existe nenhuma maneira de compreender as pessoas sem conversar com elas. Há quanto tempo você não para e não pergunta à sua mãe como ela está? Às vezes, queremos que as pessoas voltem os olhos para nós, fazendo de nós o centro das atenções. E muitas vezes pensamos que as pessoas, que estão ao nosso lado, são heróis.

Existe uma colaboração que só você pode dar: escute as pessoas que estão à sua volta. Só sabemos o quanto um sapato aperta quando o calçamos. "Calce o sapato" do seu irmão para saber onde está apertando, entre na vida dele, seja presente, participe.

Você vai conseguir trazer as pessoas para Deus a partir da sua experiência. A nossa missão é fazer com que as pessoas amem a Jesus, que se tornem sensíveis ao Seu amor. Quando a gente ama até o nosso silêncio fala. Meu filho, faça o que faz, mas tudo com doçura!

Márcio Mendes, Comunidade Canção Nova

Leitura Bíblica: Marcos 9,38-43.45.47-48


“Quem não é contra nós, é por nós...”

Já sabemos que o Espírito sopra onde quer. (Jo 3, 8.) O Concílio Vaticano II reconheceu a existência de “sementes da Palavra” (cf. Ad Gentes, 11) em todos os povos e sociedades. Por isso mesmo, ninguém deve espantar-se de que Deus venha a agir por meio de pessoas de boa vontade que não pertencem à nossa Igreja, não professam a nossa fé e nem mesmo tenham sido batizadas.

A tentação é a de assumir uma atitude “exclusivista”, apresentando nosso modo de ser como o “único caminho” e condenando à exclusão (ou ao inferno!?) todos os diferentes que não têm a carteirinha de nosso clube. Trata-se de uma atitude tipicamente sectária, que não admite nenhum bem fora de seu próprio quintal...

Este lamentável partidarismo pode ser agravado a ponto de sentirmos ciúmes quando Deus age através de outros grupos, movimentos ou pessoas. Em lugar de nos alegrarmos com o bem realizado, assumimos atitudes de crítica, apontamos falhas e defeitos, zombamos acidamente daquilo que não temos possibilidade (ou coragem) de imitar!

Um caso concreto, hoje, diz respeito aos movimentos e comunidades novas, onde o dedo de Deus se faz visível quando eles assumem diaconias, cuidam dos moradores de rua, alimentam os pobres, acolhem menores abandonados, reavivam a adoração ao Santíssimo Sacramento, pregam um Evangelho exigente. Se nosso grupo, paróquia ou Instituto está morno, será ainda maior o risco de apontar o dedo acusador contra estes irmãos que se esforçam por dar uma resposta a Deus que chama a amar...

Jesus não poderia ser mais claro: “Quem não é contra nós, é por nós”. Se temos sensibilidade eclesial, perceberemos que a Igreja se enriquece com a diversidade dos carismas, por mais estranhos que eles tenham sido na História, como os estilitas (que passavam a vida sobre uma coluna), os eremitas do deserto (como Charles de Foucauld em pleno Séc. XX) ou os “loucos de Deus”, andarilhos que palmilhavam continuamente as estradas da estepe russa. Os contemplativos, no silêncio, rezarão pelos missionários das aldeias indígenas. Os agentes que fazem a animação das associações de bairro darão graças a Deus pelo louvor barulhento de seus irmãos carismáticos. E o Reino de Deus crescerá no meio de nós...

Somo ou divido? Reconheço o dedo de Deus no meio dos meus irmãos diferentes de mim? Ou cedo à crítica, à calúnia e à maledicência?

Orai sem cessar: “Oh! Como é bom e agradável irmãos unidos viverem juntos!” (Sl 133,1)


Antônio Carlos Santini, Comunidade Católica Nova Aliança.