segunda-feira, 4 de março de 2013

A janela da vida


A nossa vida muitas vezes é comparada a uma janela.

Quando ela está aberta, o vento entra suave na nossa casa, os raios luminosos do sol dão vida a tudo que está dentro.

A gente vê a serra, os pássaros, vê tudo que Deus nos deu.

Quando ela se fecha, muitas vezes está emperrada, range e estala. Nesse momento, olhamos para dentro de nós e vemos como estamos falhos com Deus, com a nossa família e muito mais com nós mesmos.
 
 
 
Josefa Veneranda Dantas, 10 de fevereiro de 1988.






Leitura Bíblica: Lucas 4,24-30




Nem sempre Jesus encontrou receptividade em sua pátria. As autoridades religiosas temiam que ele fosse um revolucionário que haveria de estabelecer o caos. Todos pareciam contentes e satisfeitos com seus arranjos existenciais e religiosos, com suas observâncias e com a fidelidade no culto, à sua maneira, meio ou muito exterior. Jesus, no evangelho hoje proclamado, lembra verdades de ontem e de sempre. “Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra”. Diante de um auditório cético ou questionador, Jesus lembra que Elias fora enviado a uma viúva de Sarepta e não a tantas outras viúvas de Israel. No tempo de Eliseu, nenhum leproso de Israel fora curado, mas sim Naamã, o sírio. Esse estrangeiro, no dizer  do Livro dos Reis, ficou curado: ele “desceu e mergulhou sete vezes no Jordão conforme o homem de Deus tinha mandado e sua carne se tornou semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado”. Essas invectivas de Jesus desagradaram enormemente parte de seus ouvintes.

Um autor assim comenta esta passagem: “Jesus recrimina a falta de fé dos habitantes de Nazaré, cidade onde cresceu e mostra como nossos olhos se tornam cegos mesmo tendo a salvação entre nós, como nos custa descobrir a presença de Deus que se esconde na simplicidade de pessoas que estão perto de nós, na vida cotidiana, no lugar em que estamos vivendo. Por isso, parece importante que, de quando em vez, nos perguntemos para que estamos vivendo, como estamos vivendo. Mais importante, quem sabe, saber onde estamos vivendo. Pode acontecer que venhamos a desperdiçar nossa vida num mundo irreal, num futuro que nunca chega, na saudade de tempos dourados que já se foram, ou na imaginação de um lugar que na realidade não existe. O lugar em que Deus  nos colocou precisa de alguém que ame, que se entregue, que crie, que busque a paz. O lugar em que estou é também ocasião de criar algo novo, para descobrir a presença de Deus, para acolher sua luz e seu poder. Neste lugar há pessoas concretas, por meio das quais Deus quer me dizer alguma coisa. Dificilmente, o Senhor nos enviará um anjo para dizer o que espera de mim;  normalmente se servirá das pessoas que me cercam para que eu descubra o que ele deseja de mim”.

Jesus não foi aceito em sua terra. Quando os doutores da lei e os fariseus ouviram as palavras de Jesus, “ ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade.  Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou seu caminho”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães