quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Alguém que vem depois



Sou alguém que conscientemente vem depois.
Antes de mim vieram bilhões de outros.
Antes de mim situam-se bilhões de outros.
Acima de mim, centenas ou bilhões de outros.

Não quero ser vencedor em tudo.
Não aspiro aos primeiros lugares.
Não preciso disso!
Sou auxiliar, segundo, terceiro, milésimo.
Sou apoiador, venho depois, sou líder que dá condições.

Se um dia eu for chamado a ser o primeiro, irei.
Mas não será porque eu quis aquele posto.
Se meu povo e minha comunidade o quiserem, irei.
Mas saberei voltar a ser segundo se for preciso.

Vivo a mística do segundo e do último.
Não acho que seja mística de perdedor.
Ser segundo, décimo ou vigésimo não é ser um fracasso.
Fracasso é alguém achar que só será feliz se for o primeiro.

Sou seguidor de Jesus; por isso não aspiro ser o número um.
Foi ele quem disse que o que lidera deve ser o que mais serve.
A única vitória que desejo é a vitória sobre mim mesmo.
No resto, se perder, eu saberei o que fazer.
Se vencer, também saberei vencer.
Só há um lugar que desejo: o meu.
E o meu talvez não seja o primeiro!


Pe. Zezinho scj, www.padrezezinhoscj


Leitura Bíblica: Lucas 7, 36-50


“Um fariseu convidou-o a comer com ele. Jesus entrou, pois, na casa do fariseu e reclinou-se à mesa. Apareceu então uma mulher da cidade, uma pecadora. Sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. E, ficando por detrás, aos pés dele, chorava; e com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, a enxugá-los com os cabelos, a cobri-los de beijos e a ungi-los com o perfume” (Lc 7,36-38).

No Evangelho de hoje Jesus é convidado para uma refeição. Durante a ceia, uma mulher pecadora invade a casa. Além disso, ainda entra em contato físico com Jesus, tudo para escândalo do dono da casa.

Pobre Simão! Certamente convidara Jesus para comer em sua casa apenas porque ele era um “sucesso”, mas esqueceu de receber o convidado de honra com as regalias ditadas pelo costume. A recepção a Jesus não fora calorosa!

No episódio, Jesus aproveita a crítica muda do anfitrião com relação à mulher para ensinar. Onde faltara água, a mulher trazia lágrimas; onde faltara o beijo na face, ela beijara os pés; onde faltara o aroma comum, ela derramara o precioso nardo. A água, o beijo, o aroma, tudo era comum se oferecer aos convidados naquela época. Tudo muito além do ofertado por Simão foi o que a mulher pecadora ofereceu a Jesus; tudo com o mais puro amor. E Jesus perdoa todas as faltas daquela mulher!

Vejamos a atitude da mulher. Será que ela, do nada, decidiu invadir a casa, onde provavelmente só havia homens, apenas porque ouvira falar de Jesus? Eu creio que não. Jesus andava por todos os lados, entre os pobres e ricos, pecadores e justos. Em algum momento o olhar daquela mulher deve ter cruzado com o de Jesus e a partir daí ela se sentiu amada, perdoada, capaz dos gestos que fez, da ousadia de expressar o mais puro amor àquele que tinha (tem) o mais puro olhar.

E nós, perdoados que fomos pela morte de cruz de Jesus, estamos retribuindo a maior prova de amor com gestos de afeto, de gratidão para com o Crucificado?

A mulher do Evangelho de hoje muito amou. Peçamos ao Senhor que nos livre do moralismo de Simão e nos permita viver a experiência de sermos perdoados e capazes de amar demais a Jesus, adorando-O, especialmente nesta quinta-feira, dia de adoração ao Santíssimo Sacramento.

Senhor, volta para nós o Seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.