domingo, 28 de abril de 2013

Os mandamentos e a liberdade



Muitos sonham com uma vida sem leis nem regras, sem proibições ou ordens, uma vida totalmente livre de qualquer obrigação ou norma. Para esses, também a religião deveria ser livre de mandamentos, pois julgam que estes seriam resquícios de uma época marcada pelo atraso cultural, pelo medo e por uma visão infantil da vida. Tais sonhadores de uma fé sem dogmas, de um cristianismo sem leis, e de um Cristo sem cruz, perguntam: "Afinal, Jesus não veio nos libertar de toda escravidão ou opressão? Não é ele o libertador?"

É o libertador, sim, mas nem por isso deixou de falar de sacrifício (“Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo”), de porta estreita (só passa por ela quem se desapega de si mesmo e do pecado) e de doação ("Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração e ao próximo como a ti mesmo") como norma de comportamento. Além disso, deixou claro que não veio abolir a Lei ou os Profetas: "Não vim para abolir, mas para cumprir" (Mt 5,17).

Precisamos compreender que os mandamentos não são simplesmente um peso desagradável que, quanto antes, devemos tirar de nossos ombros. Jesus veio nos ensinar o sentido das leis e nos mostrar que, diante do plano de amor de seu Pai, não basta uma obediência externa e formalista. Ser cristão é muito mais do que seguir uma série de leis, normas e prescrições; é seguir uma pessoa, isto é, o próprio Jesus Cristo, fazendo de suas palavras e de seu comportamento o fundamento de nossa vida.

A liberdade nos dá a possibilidade e a responsabilidade de escolher entre o bem e o mal. Os mandamentos nos ajudam a escolher o bem. Um pai/ uma mãe que ama seu filho, sua filha, não quer que eles sofram, se machuquem ou se prejudiquem de algum modo. Por isso, antecipa-se a possíveis problemas, prevenindo-os e orientando seus filhos. Nascem, como fruto dessa preocupação, constantes advertências: "Não ande com más companhias! Estude! Não corra depois do almoço!" Os filhos são livres. Poderão aceitar ou não as ordens do pai/ da mãe. Aceitando-as, terão que se privar de certas coisas que lhe parecem ser muito agradáveis e desejáveis. Com o tempo, aprenderão que, ao renunciar a elas, livraram-se de inúmeros problemas.

Poderá acontecer também que os filhos se sintam por demais tolhidos e se rebelem contra as advertências paternas. Desejosos de escolher seu próprio caminho, e não aceitando "perder a liberdade", começam a fazer o que querem. Perguntemo-nos – sabendo antecipadamente a resposta: passarão a ser, então, realmente, livres? Encontrarão a realização desejada?

Segundo a visão cristã, a lei expressa o projeto de Deus que é Pai e que quer o melhor para seus filhos. Por isso mesmo, antes de expressá-la por palavras, o Criador as escreveu na intimidade do coração de seus filhos e filhas. Descobrir, pois, o valor dos mandamentos, é um gesto de sabedoria; interpretá-las à luz do amor, é uma graça. Com o tempo perceberemos que os mandamentos encerram um projeto de vida e são fonte de paz para quem os assume.

Jesus nos ensinou a não sermos escravos da lei. Uma pessoa escraviza-se a ela quando fica somente no plano da obediência, sem amor, ou quando se prende tão somente à letra do que é prescrito. Tomemos, a título de exemplo disso, o 5º mandamento, que diz para "não matar". Ele nos proíbe tirar a própria vida e a vida de qualquer pessoa. Mas vai além: nos ensina a cuidar da saúde, a promover a vida daqueles que, sozinhos, não conseguem superar suas limitações, a tomar a defesa dos desprotegidos, a lutar contra a poluição, a batalhar em favor da ecologia etc. Também os demais mandamentos contêm todo um programa de vida. Seu conjunto nos apresenta um caminho da realização pessoal e comunitária. Por não acreditar nisso, nossos contemporâneos, que tanto desejam ser livres, vivem presos às suas próprias inquietações e escravidões. Quem não segue os mandamentos, prende-se a ídolos.

Em síntese: os mandamentos não são placas de proibições, mas setas de indicação. Segui-los é fazer uma experiência de amor e de liberdade.

Dom Murilo S.R. Krieger, Arcebispo de Salvador (BA)

#FicaAdica 80




A bondade do coração cria espaço para muitas outras conquistas: a bondade nos impele ao encontro, a oferecer aquilo que temos de melhor sem nenhuma forma de julgamento. Uma vez escutei a seguinte frase: “amar é investir o meu melhor no pior do outro para que ele possa estar também na minha dignidade” (Dr. Edmar Jacintho). Ainda medito no seu significado, mas vou entendendo que, na experiência amorosa não pode haver degraus, nem pedestais… É preciso que haja igualdade, confiança, altruísmo…

Ser delicado e cortês são virtudes de um coração amoroso, que aprendeu o verdadeiro sentido do servir, do disponibilizar-se na direção das pessoas. E isso sem cobrança, sem julgamento, sem esperar retribuições… Tal tarefa é dificílima, mas podemos crescer no cultivo de um coração puro, desinteressado e capaz de amar sem medidas… Tarefa da vida inteira!

Frei Paulo Sérgio, ofm

sábado, 27 de abril de 2013

Leitura Bíblica: João 14,7-14



“Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). Estas palavras são fundamentais não só para Filipe, mas também para cada um de nós, pois nelas vemos a clara epifania, ou seja, a manifestação do rosto do Pai na pessoa do Filho Jesus.

Ver Cristo é ver o próprio Deus. Esta verdade é tão profunda que foi o próprio Filho de Deus quem no-la deu a conhecer: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces Filipe? Quem me viu, viu o Pai”.

Filipe, como muitos dos nossos irmãos hoje em dia, ainda não tinha compreendido a verdade segundo a qual o Filho estava em perfeita sintonia com o Pai, ou seja, numa inter-relação total. Era necessário que se desvendasse, que se derrubasse a parede que lhe impedia de reconhecer Deus Pai no Filho testemunhado pela pomba e no alto do monte da Transfiguração: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o” (Mt 17,1-9).

Ao sermos convidados a escutar a palavra de Jesus neste texto, o Pai se dá a conhecer, assim como quer revelar no seu Filho a sua vontade. Portanto, não nos bastará ouvir… Será necessário fazer uma mudança radical. Uma experiência viva das obras do amor de Jesus, que são as obras do Pai: “As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,10-11).

Ao acreditarmos em Jesus, somos movidos a assumir as suas obras em vista da promoção da vida plena para todos. Procuremos ver o rosto de Deus nos rostos das pessoas por Ele amadas. Talvez você me pergunte como aquele jovem do Evangelho de Lc 10,25-35: “Mas quem é o meu próximo?” A resposta é simples. São os pecadores, os pobres, os humildes, os marginalizados, os andarilhos, os doentes, os encarcerados, as prostitutas, os alcoólatras e tantos outros. Aliás, “quanto pior for a pessoa com quem você convive melhor será para você!”

Por quê? Porque assim com fé, confiança e esperança na conversão desta pessoa, você se converterá num verdadeiro orante e melhor exercitará a caridade, a paciência, a misericórdia, o perdão e o amor desse Deus que se deu no Filho para o perdão dos nossos pecados e salvação das nossas almas. Esta é a glória do Pai, que é a glória de Jesus, à qual os discípulos são chamados a participar.

Como discípulos, eu e você somos interpelados. Peçamos ao Senhor que nos dê esta graça de “sermos um” com Ele, para que o mundo reconheça em nós Jesus Cristo, o enviado do Pai ao mundo cuja missão é a libertação do pecado e a construção do mundo novo de fraternidade e justiça.

Padre Bantu Mendonça

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A pomba, exemplo de sociabilidade e concórdia


Por isto também o Espírito Santo desceu em forma de pomba [Mt 3,16; Mc 1,10], animal simples e alegre, sem amargura alguma de fel, incapaz de se enfurecer; não morde, não arranha com as unhas. Prefere as moradias dos homens e gosta de habitar numa mesma casa. Quando criam, as pombas cuidam dos filhotes juntamente, quando viajam, voam pertinho umas das outras. Passam o tempo em tranqüilos arrulhos, manifestam a concórdia e a paz beijando-se no rosto. Enfim, em todas as coisas seguem a lei da boa harmonia. 

 Esta é a simplicidade que deve reinar na Igreja, essa a caridade que devemos realizar: o amor fraternal imite as pombas, a mansidão e a brandura sejam iguais às dos cordeiros e das ovelhas. 

 Como podem estar no coração de um cristão a ferocidade dos lobos, a raiva dos cães, o veneno mortífero das serpentes ou a crueldade sanguinária das feras? 

 Devemos alegrar-nos quando os que têm esses sentimentos se separam da Igreja. Assim as pombas e as ovelhas de Cristo não serão contagiadas pela sua maldade e pelo seu veneno. Não podem conciliar-se e juntar-se amargura e doçura, trevas e luz, chuva e céu sereno, guerra e paz, esterilidade e fecundidade, secura e manancial, tempestade e bonança. 

 Não acreditem que os bons possam deixar a Igreja: não é o trigo que o vento carrega, o furacão não arranca as árvores que têm sólidas raízes. Ao contrário são as palhas vazias que a tormenta agita, são as árvores vacilantes que a força dos turbilhões abate. Contra esses o apóstolo São João manifesta a sua repulsa, dizendo: "Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, sem dúvida teriam ficado conosco" (1Jo 2,19).

 São Cipriano de Cartago, bispo (+258)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

#FicaAdica 79





Quando nós queremos uma coisa, precisamos ser insistentes, porque quando uma porta está fechada, uma janela se abre. Não podemos desistir dos nossos propósitos por causa de um fracasso aparente na primeira, na segunda, na terceira, na quarta ou na quinta tentativa; ao contrário, precisamos nos esforçar para chegarmos onde precisamos chegar.

Sempre é tempo de recomeçar, de retomar, de seguir em frente sem jamais desanimar, principalmente quando se trata de coisas essenciais.

O Senhor nos ensina que devemos orar sem cessar, porque “o homem que reza é poderoso, tem poder sobre o coração de Deus, pode fazê-Lo mudar os Seus planos”!

Não podemos nem imaginar o poder da menor de nossas preces quando estas são feitas com sinceridade e confiança em nosso bom Deus! Unidos ao Senhor, em oração, tudo muda, porque tudo pode ser mudado pela oração.

Vamos, hoje, começar tudo de novo, na força do Espírito Santo? Rezemos insistentemente: ‘Vinde, Espírito Santo!’

Luzia Santiago, Comunidade Canção Nova