quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Outonos e primaveras


Primavera é tempo de ressurreição. A vida cumpre o ofício de florescer ao seu tempo. O que hoje está revestido de cores precisou passar pelo silêncio das sombras. A vida não é por acaso. Ela é fruto do processo que a encaminha sem pressa e sem atropelos a um destino que não finda, porque é ciclo que a faz continuar em insondáveis movimentos de vida e morte. O florido sobre a terra não é acontecimento sem precedências. Antes da flor, a morte da semente, o suspiro dissonante de quem se desprende do que é para ser revestido de outras grandezas. O que hoje vejo e reconheço belo é apenas uma parte do processo. O que eu não pude ver é o que sustenta a beleza.

A arte de morrer em silêncio é atributo que pertence às sementes. A dureza do chão não permite que os nossos olhos alcancem o acontecimento. Antes de ser flor, a primavera é chão escuro de sombras, vida se entregando ao dialético movimento de uma morte anunciada, cumprida em partes.

A primavera só pode ser o que é porque o outono a embalou em seus braços. Outono é o tempo em que as sementes deitam sobre a terra seus destinos de fecundidade. É o tempo em que à morte se entregam, esperançosas de ressurreição. Outono é a maternidade das floradas, dos cantos das cigarras e dos assobios dos ventos. Outono é a preparação das aquarelas, dos trabalhos silenciosos que não causam alardes, mas que, mais tarde, serão fundamentais para o sustento da beleza que há de vir.

São as estações do tempo. São as estações da vida.

Há em nossos dias uma infinidade de cenas que podemos reconhecer a partir da mística dos outonos e das primaveras. Também nós cumprimos em nossa carne humana os mesmos destinos. Destino de morrer em pequenas partes, mediante sacrifícios que nos fazem abraçar o silêncio das sombras...

Destino de florescer costurados em cores, alçados por alegrias que nos caem do céu, quando menos esperadas, anunciando que depois de outonos, a vida sempre nos reserva primaveras...

Floresçamos.

Pe. Fábio de Melo

Falando com Deus (2)



Senhor Jesus, como é bom encontrar-Te na Palavra! Sei que o Senhor está sempre desejoso em me encontrar. Peço-Te perdão, Pai, pelas vezes que me ocupei com coisas banais e deixei de lado os nossos encontros.

Ajuda-me, Senhor, a ser fiel em minha oração diária, na meditação da Bíblia, em nosso momento de intimidade.

Agradeço-Te, Senhor, por ser meu amigo fiel, de todas as horas. Por ser Aquele que me ama sempre e que está a todo momento de braços abertos a me esperar.

Sei que o Senhor está neste momento falando comigo!  

“De fato, é preciso que persevereis, para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu” (Hb 10,36)

Leitura Bíblica: Lucas 7, 31-35


“Com quem posso comparar as pessoas de hoje? Com quem elas são parecidas?” (Lc 7,31)

Por não corresponder à expectativa de muitos, que se punham a reclamar e a achar defeitos em Jesus, a ponto de lhe dar o rótulo de endemoninhado, Ele se irrita e compara os críticos (chefes religiosos) a crianças imaturas, que vivem reclamando e chorando. Crianças “emburradas”!

Essa passagem do Evangelho me traz os seguintes questionamentos: Como estamos hoje? Temos reclamado contra o Espírito Santo, que fala através da Igreja? Deus tem nos incomodado, porque não conseguimos aquilo que desejamos? Estamos culpando-O por causa das dificuldades?

Idealizamos uma religião, um Deus, e depois nos decepcionamos. Por isso trocamos de grupo, de pastoral, de paróquia... e até mesmo de religião! Hoje, Jesus vem nos fazer um alerta, quando pergunta se também nós somos crianças mimadas, que esperam que todos dancem conforme a nossa música.

Peçamos ao Espírito Santo que nos dê um direcionamento neste dia. Que cure a nossa imaturidade exacerbada, que nos dê sabedoria, para que saibamos acolher as obras de Deus em nossa vida. Por meio dessas obras, um dia chegaremos ao ponto desejado para nós, como crianças puras, “pois a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus” (Jo 18,16).

Que Deus nos abençoe e nos guarde, que mostre a Sua face e se compadeça de nós. Amém.