domingo, 11 de dezembro de 2011

A voz e a palavra

Texto de Santo Agostinho, que está no Ofício das Leituras de hoje, onde o Doutor de Hipona faz uma analogia entre João Batista-Cristo e voz-palavra:

"João era a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio. Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.
Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu. 
Procurando então como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu. 
Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: É necessário que ele cresça e eu diminua? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: Esta é a minha alegria, e ela é completa (Jo 3,29). Guardemos a palavra; não percamos a palavra concebida em nosso íntimo. 
Queres ver como a voz passa e a palavra divina permanece? Que foi feito do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos dele a salvação: foi o que a voz anunciou.
Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a palavra. Eu não sou o Cristo (Jo 1,20), disse João, nem Elias nem o Profeta. Perguntaram-lhe então: Quem és tu? Eu sou, respondeu ele, a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor” (Jo 1,19.23). É a voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. Aplainai o caminho do Senhor, como se dissesse: “Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas ele não se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho”. 
O que significa: Aplainai o caminho, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: Aplainai o caminho, senão: Tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João. Julgam que é o Cristo e ele diz não ser aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal. Se tivesse dito: “Eu sou o Cristo”, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse; pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la."

Fonte: http://liturgiadashoras.org

Maria, mãe do Salvador



Quem foi que morreu na cruz? Quem morreu na cruz foi Jesus: uma única pessoa, que era homem e Deus. Por ser homem, podia sofrer e morrer. Mas Ele não deixou de ser Deus. Pelo contrário, foi essa pessoa divina que assumiu também a natureza humana e que morreu por nós na cruz. Não tenha dúvida sobre isso!

Qual sangue foi derramado por nós na cruz? O Sangue de Jesus de quem era? De Maria. Ele foi concebido por obra de quem? De Maria. Ele foi concebido por obra de José? Não! Está claro na Palavra de Deus que Ele foi concebido por obra do Espírito Santo, e não por obra humana. Não houve participação de nenhum homem. Foi por obra do Espírito Santo.

Você, mulher: o sangue de seus filhos é uma mistura do seu sangue com o do seu cônjuge. Mas, se você tivesse concebido esse filho sem a participação de homem nenhum, ele só teria o seu sangue e de mais ninguém.

O sangue que foi derramado por nós na cruz, o sangue que nos salvou, foi o de Maria. O corpo que foi pregado na cruz, que sofreu por nós, foi dado a Jesus por quem? Por Maria. Não há dúvida nenhuma. Ela o gerou no seu ventre como toda mulher gera uma criança. Ela o deu à luz, sim. Ela o amamentou. Ela é a Mãe de Jesus. Ela é a Mãe do Senhor. Foi assim que Isabel a saudou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc 1,42-43)

Do Livro “Maria – A mulher do Gênesis ao Apocalipse”