sábado, 11 de agosto de 2012

Uma mulher chamada Clara

Clara era mulher nobre, filha de estirpe  escolhida e privilegiada. Vivia perto da Praça de São Rufino onde um jovem Francisco costumava pregar, falar de conversão, de mudança de vida, imaginar uma outra maneira de se viver a fé.  Filha de mãe piedosa, trabalhada pela graça, Clara resolveu seguir o Evangelho do Cristo pobre.  Numa noite de Domingo de Ramos deixa a casa paterna e começa a grandiosa e modesta aventura de sua vida, tal como Abraão… Deixa sua casa, sua parentela, no coração da noite… Foge vestida de ricas vestes… É acolhida por Francisco e seus irmãos, os cavaleiros de uma nova ordem de coisas.  Francisco corta suas tranças bonitas e a reveste de roupa pobre… Livre de tudo e de todos, essa mulher que havia ouvido a voz do Evangelho, que havia escutado as histórias que a mãe contava depois de suas peregrinações, essa mulher da nobreza de torna  toda iluminada… É levada até um mosteiro de beneditinas… Depois mora um pouco num hospedaria de mulheres penitentes ambulantes… Até que, por fim, passa a viver em São Damião… Do crucifixo bonito e sereno… Do  pátio com flores… São Damião do refeitório das princesas pobres casadas com o Esposo Celeste… Do dormitório áspero… Ali naqueles espaços de São Damião  Irmã Clara vai alimentar seu amor sem limites pelo esposo pobre que ele vê como num espelho…Um esposo paupérrimo que a atrai  e a seduz….Irmã da irmãs, cuidava de cada uma delas… Mesmo doente quase todo o tempo de sua vida não deixou de trabalhar e de fazer bordados e toalhas para os altares de rara beleza… Vida dura, de penitência, mas vida de profunda alegria… Sempre na dimensão dos esponsais místicos com o Cristo pobre e nu… Sempre amiga e filha e irmã de Francisco… Encarnando em sua vida de mulher e de contemplativa toda a ternura fraterna, minorítica e missionária de Francisco… Ela mesma, com toda sua originalidade, se considerava a plantinha do Seráfico Pai… Teria querido morrer mártir como morreram mártires os primeiros irmãos de Francisco… Ela e as irmãs com suas orações e de sua vida passaram a ser o sustento para os membros frágeis da Igreja… E assim sua vida foi cheia de sentido: contemplativa, fraterna e missionária porque tudo o que era vivido em São Damião tinha como meta restaurar a Igreja, ordem dada pelo Senhor a Francisco precisamente na igrejinha de São Damião.

Belíssima a primeira leitura da festa solene de Clara: “Assim fala o Senhor: Haverei de atraí-la, conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração. Ali se tornará como no tempo da sua juventude… Desposar-te-ei para sempre, desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com benevolência e ternura… Desposar-te-ei com fidelidade, e conhecerás o Senhor”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães – site www.franciscanos.org.br

#FicaAdica22



Em vez de perdermos nosso tempo reclamando da vida, das pessoas que não nos entendem, dos obstáculos que não conseguimos vencer (na maioria das vezes por nossa própria culpa), oremos para que o Espírito Santo nos dê a graça de termos mansidão, calma... enfim, de termos um coração "antenado" com o de Jesus. O resto virá como consequência...

“Pois que me fizeste este pedido, e não pediste nem longa vida, nem riqueza, nem a morte de teus inimigos, mas sim inteligência para praticar a justiça, vou satisfazer o teu desejo...” (1Rs 3)

Esta é a minha dica para este sábado. Que sejamos mansos de coração!


Cláudia D. Carvalho