terça-feira, 7 de agosto de 2012

Totalmente unida a seu Filho...

O papel de Maria para com a Igreja é inseparável de sua união com Cristo, decorrendo diretamente dela (dessa união), "Esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação manifesta-se desde a hora da concepção virginal de Cristo até sua morte." Ela é particularmente manifestada na hora da paixão de Jesus:

A bem-aventurada Virgem avançou em sua peregrinação de fé, manteve fielmente sua união com o Filho até a cruz, onde esteve de pé não sem desígnio divino, sofreu intensamente junto com seu unigênito. E com ânimo materno se associou a seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima por ela gerada. Finalmente, pelo próprio Jesus moribundo na cruz, foi dada como mãe ao discípulo com estas palavras: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,26-27).

Após a ascensão de seu Filho, Maria "assistiu com suas orações a Igreja nascente". Reunida com os apóstolos e algumas mulheres, "vemos Maria pedindo, também ela, com suas orações, o dom do Espírito, o qual, na Anunciação, a tinha coberto com sua sombra".



Catecismo da Igreja Católica, §964-965

"E eles gritaram de medo"

(Mateus 14,22-36)

Mais uma vez ouvimos o relato da tempestade acalmada.  Mateus descreve a cena com muita vivacidade. Mais parece o estilo de Marcos do que de Mateus  Vale a pena acompanhar os pormenores do relato.

O povo faminto havia comido e estava saciado.  Jesus deu pão aos famintos, na esperança  que os seus ouvintes pudessem ir compreendendo aos poucos que ele é que era o Pão de verdade.  Pede que os apóstolos entrem numa embarcação e o esperem do outro lado. Ele ainda queria despedir a multidão. Será que teria dado a mão a cada um ou um ósculo… ou dito uma bênção?

Uma vez sozinho sobe ao monte. Que monte não se sabe. Ele precisava arrumar seu interior talvez um pouco agitado com tanta gente, tantos pedidos… tanto ruído.  “Jesus subiu ao monte para orar”.  E tendo a noite chegado Jesus continuava rezando. Para ele era importante essa comunhão com o Pai.  Todos experimentamos também a necessidade de estar com o Senhor e assim não cair um estéril  ativismo pastoral.

Os apóstolos, por sua vez, na travessia do mar, vivem um momento delicado. O mar agitado, os ventos contrários e o medo de que viessem a morrer.   Estamos diante da terrível experiência do medo de morrer.  Há outros medos: medo de fracassar, de tomar uma decisão.  Quantos medos: medo de que os filhos ingressem no universo da droga, medo de um assalto, medo que o casamento termine, medo que o neném nasça doentinho.  A lista poderia ser aumentada com tantos outros pavores e receios.

Continuemos a ver os pormenores do texto.  Jesus, no meio da noite vem ter com os apóstolos andando sobre as águas.   “Quando os discípulos o avistaram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: ‘É um fantasma’  e gritaram de medo.  Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu!’”

Jesus se faz presente, próximo dos seus. Hoje também ele está por perto. Não o vemos, não é um fantasma.  Mas ele está na Igreja, onde dois ou três estão reunidos em seus nome.  Está presente na casa dos religiosos transparentes que rezam e se estimam. Está presente no trabalho da evangelização.  Pode ser que nossas comunidades de vida consagrada não consigam viver todo o esplendor de sua consagração, que haja diminuição dos efetivos.  Espera-se, sem medo, que a proximidade do Senhor nos tirar da angústia e obsessão pelas estatísticas.   Por vezes temos a impressão que os membros da Igreja não conseguem viver o esplendor do Evangelho. Temos receio que a barca seja batida pelos ventos da indiferença, da indolência e da falta de coragem de se dar um salto no escuro.  Temos medo de tantos desafios.  Mesmo nos sentido chamados por Jesus temos receio de afundar em nossa vida de fé.

Pedro começou a andar sobre as ondas como Jesus havia pedido.   E o medo?   “Senhor, salva-me!”.  E disse Jesus: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”

Normal que experimentemos receios e medos em muitos campos de nossa vida e em diferentes circunstâncias.  Uma fé sólida e uma confiança na proximidade de Jesus em nossas vidas e na vida da Igreja faz com que sejamos corajosos.

Frei Almir Ribeiro Guimarães – www.franciscanos.org.br